Um ato político. É assim que dá para definir a criação do Dia Nacional do Brega, sancionado hoje (22) pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Afinal, um estilo tão menosprezado pelas elites e que faz parte da cultura de um povo (especialmente no norte e nordeste) não merecia menos do que um dia dedicado a ele. E olha que demais: o dia escolhido – 14 de fevereiro – é a data de nascimento de Reginaldo Rossi, um dos reis do ritmo.

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Mas afinal, o que é o brega? O termo, que foi utilizado pela imprensa especializada a partir de 1980, foi criado para definir um estilo que combinava o samba-canção, bolero e sentimentalismo exacerbado em vozes como Waldick Soriano, Wando e Moacyr Franco, por exemplo. Mas há também um encaixe com o forró, xaxado, baião e xote, ou seja, estilos predominantemente nordestinos que foram reciclados principalmente nas últimas décadas.

O Brega nordestino

Recife é oficialmente a capital do Brega. Isso porque  a Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado Federal aprovou, no último dia 13 de maio, o projeto de lei (PL 2.521/2021) que concede o título à cidade. E não é para menos. A capital de Pernambuco gera uma efervescência do ritmo que engloba festas e artistas. Sheldon, Banda Torpedo e Banda Kitara, são alguns dos exemplos do clássico brega recifense. Uma combinação de forró, electro, traição e amores doloridos. Um primor!

O Brega paraense

Já no norte do Brasil, a guitarrada, carimbó, cumbia e demais estilos caribenhos, formaram a fonte do brega do Pará e tem na banda Calypso seu maior representante, mesmo que embora o grupo tenha ficado excepcionalmente grande.

Patrimônio Imaterial do estado desde 2021, o ritmo explode nas festas da aparelhagem com batidas de música eletrônica ou no “rock doido”. Pra dançar coladinho, cantando com a mão no peito ou endoidando no rolê. Um atestado cultural de pura força. 

 

Brega não é cafona.

Cafona definitivamente não é um adjetivo que deve fazer parte do Brega. Pelo contrário: a mistura de ritmos e o apelo cultural no norte e nordeste mostram uma riqueza musical enorme, capaz de só ser produzida por essas regiões. É um grito sonoro do povão para o povão, que inclusive deveria ser exportado como um baú de referências da música brasileira.

O Dia Nacional do Brega era a data comemorativa que faltava a um povo sofrido que bota na música suas dores em forma de diversão. E vamos comemorar o dia 14 de fevereiro!

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Jornalista, DJ e especialista em música brasileira

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