Um nome um tanto “diferente” chamou a atenção quando o Festival Lollapalooza divulgou o line-up de 2024: Sophia o que?
Chablau. Chá o que? Chablau.
E tem mais: ela ainda vinha acompanhada de uma banda chamada Uma Grande Perda de Tempo. Só isso já era o bastante para voltar a atenção para que tipo de som uma banda que se apresentava como Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo tocava.
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Bem… digamos que o nome do grupo – composto também por Theo Ceccato na bateria, Vicente Tassara na guitarra e Téo no baixo – faz jus a sequência de faixas oriundas do disco homônimo, de 2021 e do sucessor, Música do Esquecimento, de 2023.
Um apanhadão experimental que bebe da fonte da tropicália e do indie rock e que tem uma atividade criativa tão intensa quanto bandas como Velvet Underground, Sigur Rós e Mutantes.
Mas o nome do grupo, em si, também tem um por que:
“O significado mais profundo do nome é que perder tempo é viver de verdade, sabe? Então, quando a gente diz que é Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, para mim esse tempo é o tempo que a gente vive, que a gente realmente é, que usa criatividade, que se propõe a coisas novas. A perda de tempo, na verdade, é aquilo que faz a gente ser mais a gente, ser mais autêntico, faz a gente ser mais livre, mais criativo”, afirmou Sophia ao G1.
E autenticidade é algo que, definitivamente, o grupo paulistano tem, o que os levou a tocar em diversos outros festivais brasileiros e também no aclamado Primavera Sound Barcelona.
Sophia
Além do grupo, Sophia Chablau também se estabeleceu como um dos novos talentos da música brasileira como compositora, tendo músicas gravadas por Zé Ibarra e Ana Frango Elétrico. Isso sem contar no disco Handycam, lançado ontem (1 de outubro) em parceria com Felipe Vaqueiro
Ou seja, toda a excentricidade que Sophia trabalha acaba respingando em trabalhos pulverizados nas mais diversas vertentes, seja em outras vozes ou na sua própria, acompanhada de uma nova parceria. E esse movimento é fundamental para novos artistas se incluírem e permanecerem na cena.
Ativismo
Uma bandeira da Palestina com os dizeres “Palestina Livre” foi o estopim para a interrupção do show de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo durante o evento “Semana de Rock”, promovido pela prefeitura de São Paulo.
No ano passado, a palavra “Réu” foi inserida no telão na estreia do grupo no Lollapalooza, seguido de um grito da própria Sophia: “Bolsonaro Réu”.
O ativismo é com certeza parte da carreira da artista. Nada fora do comum para quem usa inteligência para compôr suas músicas e utiliza de referências, tanto sonoras quanto históricas. A música brasileira já provou que quem se posiciona ganha voz e voz é primordial para quem está construindo uma carreira.
Sophia Chablau, mesmo que ainda esteja apenas começando a trilhar seus caminhos, já mostrou um cartão de visitas de quem pretende permanecer em evidência pelos próximos anos.