Uma linha de piano de uma simplicidade tremenda. Poucas notas que entregam um tom melancólico capaz de despertar sentimentos diversos. Um acerto — afinal, nada precisa ser extremamente complexo para ser bonito.
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Junto a essas notas que deslizam como uma mão aveludada, surge a voz característica de um dos nomes mais reconhecidos do hip hop nacional: Baco Exu do Blues. Bem mais desacelerado, é verdade, mas entregando algo que talvez estivesse intrínseco há muito tempo.
E para essa busca de um interior tão profundo, ele contou com a produção de Marcelo de Lamare e a participação de Zeca Veloso, em um feat sensível em que Zeca vocaliza falsetes ao fundo — como se sua voz fosse um outro instrumento.
Baco está triste — pelo menos nesta canção. Só o nome do single, Que Eu Sofra, já dá indícios de um coração partido em migalhas.
“O seu olhar perdido procura tanto a razão
E esqueceu de me enxergar
Por que esqueceu de me enxergar?
Fica na defensiva
É um movimento inútil
Nada do que eu falo
É pra atacar você (…)
(…) Seu problema não é me perder, é me perder pra outra
Não quer distância, quer me ver sofrer
Então que eu sofra”
É certo que ele apostou em uma nova proposta. Depois do EP Fetiche, lançado no ano passado — e que carrega um tom erótico em escalas astronômicas —, o artista parece começar a pensar em novos rumos.
Que Eu Sofra é introspectiva e carregada de nuances antes inexploradas por ele. Se esse for um dos cartões de visita do novo ciclo, podemos esperar um Baco Exu do Blues mostrando uma nova face: mais desacelerada, melódica e cheia de sentimento.
