A Cinemateca Brasileira apresenta, em parceria com o Korean Film Archive (KOFA) e o Centro Cultural Coreano no Brasil, a mostra “Anos 60 – A Era de Ouro do Cinema Coreano”. Entre 5 e 14 de dezembro, serão exibidos oito filmes raros no país, dirigidos por cineastas fundamentais para a consolidação do cinema sul-coreano. A programação dá continuidade à mostra “Coreia do Sul, Anos 50: Clássicos Restaurados”, realizada em 2024.

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A década de 1960 marcou uma inflexão no cinema da Coreia do Sul. O período, que começou com o afrouxamento da censura durante a transição entre governos autoritários, abriu espaço para ousadias temáticas e formais. Ao mesmo tempo, políticas estatais exigiam que cada estúdio produzisse três longas para poder importar um filme estrangeiro. Somadas à cota de tela e à rápida industrialização, essas medidas elevaram drasticamente o número de produções: de 92 filmes em 1960 para 229 em 1969.

Cena do filme “A mãe e o hóspede”. Foto: divulgação

O crescimento urbano formou novos públicos e impulsionou a criação de grandes estúdios, além de consolidar um star system local. Diretores e atores tornaram-se amplamente conhecidos, enquanto avanços técnicos e a profissionalização do setor transformaram os anos 60 em um momento decisivo para o cinema do país.

Os títulos escolhidos para a mostra revelam a centralidade do melodrama na produção da época. Muitos filmes retratam a realidade social de um país ainda marcado pelo pós-Guerra da Coreia: pobreza, modernização acelerada, tensões urbanas e a luta pela manutenção de laços afetivos. Há também obras que mesclam outros gêneros, como guerra, horror e comédia. “Fuzileiros que Nunca Retornaram” (1963), “Uma Assassina Sedenta de Sangue” (1965) e “Sob o Céu de Seul” (1961) exemplificam essa diversidade.

Entre os destaques estão “Bala sem Rumo” (1961), de Yu Hyun-mok, considerado um dos grandes filmes coreanos; “A Juíza” (1962), de Hong Eun-won, segunda mulher a dirigir um longa no país; “O Cocheiro” (1961), premiado no Festival de Berlim; “A Mãe e o Hóspede”, de Shin Sang-ok, estrelado por Choi Eun-hee; e “Juventude Descalça” (1964), de Kim Ki-duk, influenciado pelos filmes japoneses taiyozoku.

Grande parte desses títulos se preservou graças ao trabalho do KOFA, fundado em 1974. É o caso de “A Juíza”, cuja cópia em 16mm foi descoberta em 2015, e de “Bala sem Rumo”, restaurado a partir de uma cópia em 35mm vinda dos Estados Unidos, que tinha legendas em inglês sobre a imagem — removidas no processo de restauração.

A sessão de “Fuzileiros que Nunca Retornaram” do dia 14 de dezembro contará com apresentação da programadora Hwang Min Jin, do KOFA. Toda a programação é gratuita, com retirada de ingressos uma hora antes das sessões.

Mostra “Anos 60 – A Era de Ouro do Cinema Coreano”

Onde: Cinemateca Brasileira – Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana, São Paulo
Quando: 5 a 14 de dezembro
Quanto: Gratuito (ingressos distribuídos 1h antes de cada sessão)

Programação completa

Sexta-feira | 05/12 – Sala Grande Otelo

20h — Bala sem Rumo

Sábado | 06/12 – Sala Grande Otelo

15h — O Cocheiro
17h — A Juíza
19h — Fuzileiros que Nunca Retornaram

Domingo | 07/12 – Sala Grande Otelo

17h30 — Juventude Descalça
19h45 — Uma Assassina Sedenta de Sangue

Quarta-feira | 10/12 – Sala Oscarito

19h30 — A Juíza

Quinta-feira | 11/12 – Sala Grande Otelo

17h30 — Sob o Céu de Seul
20h — A Mãe e o Hóspede

Sexta-feira | 12/12 – Sala Oscarito

17h30 — Juventude Descalça
20h — O Cocheiro

Sábado | 13/12 – Sala Oscarito

14h30 — A Mãe e o Hóspede
17h30 — Bala sem Rumo
19h30 — Uma Assassina Sedenta de Sangue

Domingo | 14/12

14h30 — Sala Grande Otelo — Fuzileiros que Nunca Retornaram
(Com apresentação de Hwang Min Jin, programadora do KOFA)
17h30 — Sala Oscarito — Sob o Céu de Seul

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