Por Gabriel Costa, especial para o Fringe

Autor homenageado da Festa Literária da Biblioteca (Flibi), o escritor Paulo Venturelli abriu os trabalhos do evento organizado pela Biblioteca Pública do Paraná, provocando o público.

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Para iniciar a sua fala, ele trouxe um texto do português Jorge de Sena, conhecido por seus poemas “incompreensíveis”. Entre palavras que a grande maioria do público desconhecia, Venturelli explica que a literatura deve desafiar e exigir esforço intelectual do leitor.

Venturelli contou que segue a mesma linha de pensamento da crítica literária Aurora Bernardini, que recentemente abriu uma polêmica nacional ao afirmar que livros como Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, não seriam literatura.

“Quando o texto não exige nada do leitor, quando o texto acalenta o leitor, põe o leitor no colo e faz o leitor dormir, isso não é literatura. A literatura serve para incomodar. É para doer.”

Para o professor, a literatura é uma “confrontação dialética de discursos”, isto é, um espaço em que diferentes visões entram em choque, tensão e diálogo.

“A literatura examina os discursos produzidos nesses e por esses campos e, ao contrastá-los, oferece uma visão plural da sociedade que o gera e a sustenta. Isso é fundamental para a literatura. Por isso que a gente luta para que as pessoas leiam, para que os jovens leiam.”

Segundo Venturelli, essa tensão entre discursos — clássicos, populares, filosóficos, sociais — é justamente o que torna o texto literário vivo e plural, provocando o leitor a pensar, reconstruir sentidos e resistir aos discursos prontos.

Escritas Daqui

A 8ª edição da Flibi tem como tema “Escritas daqui”, uma busca por valorizar produções literárias de todas as regiões do estado. Luiz Felipe Leprevost, escritor e diretor da Biblioteca, destacou a importância da Flibi como encerramento de um ano intenso de atividades literárias em Curitiba.

“A gente pensou que fechar o ano seria muito bacana, porque nós tivemos muitas festas literárias, muitos eventos literários na cidade, no estado de modo geral, e a gente foi deixando a Flibi para que a gente pudesse fechar o ano com a nossa festa”, afirmou o diretor.

A curadoria desta edição foi guiada pela intenção de valorizar a juventude literária do estado, marcada, segundo Leprevost, pela diversidade e pluralidade de vozes. Na programação, destacam-se mesas e oficinas sobre os mais diversos temas — do infantojuvenil ao adulto — além de saraus, leituras de contos e apresentações de poemas.

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