O ideal era que brasileiro pudesse conhecer a Floresta Amazônica algum dia. Quem tiver a sorte de fazê-lo, precisa incluir  a exposição “Amazônia Indígena” do fotógrafo e indigenista Renato Soares para entender melhor o território.

A exposição está montada desde o dia 19 de abril de 2022, Dia dos Povos Indígenas, na trilha branca do Musa – Museu da Amazônia (Av. Margarita, 6305), em Manaus.

A trilha branca é um espaço ao ar livre, no meio da floresta, e nela foram colocadas as 60 fotos registradas ao longo de mais de 20 anos de expedições a territórios de etnias diversas da Amazônia, como Ticuna, Kambeba, Tuyuka, Krahô, Kalapalo, Kuikuro, Yawalapiti, Bororo, Waiãpi, Apalai, Kayapó, Kamayurá, Waurá e Ikpeng.

Para o autor, a exposição é mais do que uma mostra comum; é um manifesto. “Esta é a minha contribuição para os povos amazônicos, para que mostrem que existem e resistem”, explica Renato. Há inclusive um texto escrito em forma de manifesto que defende os direitos constitucionais indígenas e denuncia a invasão prepotente e violenta de suas terras.

“O passeio imagético nos leva a refletir sobre nossa maneira de ver o outro: quando não somos vistos, corremos o risco de ser esquecidos. Nos lembra quem são os verdadeiros donos desta terra”, acrescenta.

Uma viagem na floresta e uma homenagem

O projeto, iniciado por Renato em 2005, documenta as imagens indígenas de todo o Brasil. As fotos exuberantes de Renato se fundem com a mata. Elas estão aplicadas em telas com quase dois metros de altura (180 cm x 120 cm), produzidas com madeira apreendida em operações de fiscalização.

Renato dedica a exposição – “que é a mais importante da minha carreira, pois busca um diálogo ainda mais direto com o público” – a uma pessoa que marcou sua trajetória: a fotógrafa Maureen Bisilliat. “Fui apresentado à Maureen pelo sertanista Orlando Villas-Bôas. Ela tinha visto fotografias minhas, gostou muito do que eu estava fazendo e me convidou para participar de um trabalho de museologia. Esta homenagem é uma forma de reconhecer uma das fotógrafas mais criativas e engajadas na causa indígena que conheço e agradecer tudo que aprendi com ela.”

Retrato da fotógrafa Maureen Bisilliat. Ao fundo uma de suas fotos feitas no Alto Xingu.
Carreira como fotógrafo indigenista

Renato Soares iniciou sua carreira na fotografia em 1986 e, desde então, realiza viagens para retratar as diferentes formas de expressão cultural dos grupos étnicos brasileiros. A identificação com o universo indígena vem desde a infância e se consolidou logo nos primeiros contatos com tribos em áreas remotas do Amazonas e através da profunda amizade que manteve com o sertanista Orlando Villas-Bôas.

MUSA: Um Museu Vivo

O Musa é uma casa de cultura e ciência, um espaço de convivência e celebração da diversidade. Localizado em 100 hectares da Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, em Manaus, o museu apresenta uma floresta de terra firme nativa, estudada há mais de 60 anos. As pesquisas, documentadas em catálogos sobre plantas, pássaros e outros temas, são compartilhadas com os visitantes.

No Musa, é possível encontrar exposições, viveiros de orquídeas e bromélias, aráceas, palmeiras, samambaias, serpentes, aranhas e escorpiões, borboletas, cigarras, cogumelos e fungos, além de um jardim sensorial, lago das vitórias-amazônicas e aquários.

Uma torre de 42 metros oferece uma vista magnífica do dossel das árvores da floresta, especialmente deslumbrante ao amanhecer. Sete trilhas na floresta proporcionam passeios agradáveis e descobertas surpreendentes.

O Musa desenvolve pesquisas em divulgação e popularização da ciência, bem como em educação científica e cultural. O museu convida seus visitantes a ver a floresta com um novo olhar, como a vivem os que nela habitam, com suas culturas e modos de sobrevivência e reprodução.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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