Entre as coisas extraordinárias que Ariano Suassuna (1927 -2014) está a criação do Movimento Armorial.

Em sua visão peculiar da cultura brasileira, o escritor paraibano localizava no sertão as origens do país e, na década de 1970, liderou um movimento com outros artista da região cuja intenção era criar uma arte autêntica brasileira baseada nas raízes populares.

A melhor forma de entender a proposta de Suassuna e os desdobramento que ela gerou é visitar a exposição “ARMORIAL 50”, aberta no último dia 23 de julho, no Museu de Arte da Bahia (MAB), que tem patrocínio da Petrobras Cultural e do Ministério da Cultura.

A mostra, com entrada gratuita até 20 de outubro, homenageia Suassuna no ano que marca 10 anos de sua morte e 106 anos do MAB. A curadora Denise Mattar organizou a exposição em núcleos para refletir a diversidade e as tradições da cultura popular nordestina, como idealizado por Suassuna.

Os visitantes são recebidos pela imponente Onça Caetana, um elemento cenográfico inspirado nos desenhos de Suassuna e confeccionado pelo artista Agnaldo Pinho (foto destacada).

Fases do Movimento Armorial

O primeiro núcleo destaca figurinos criados por Francisco Brennand para o filme “A Compadecida” (1969), com desenhos originais e recriações de figurinos. Além disso, cenas do filme e fotos das filmagens realizadas em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, são exibidas.

Já a “Fase Experimental” (1970-1974) apresenta obras de artistas como Aluísio Braga e Fernando Lopes da Paz, pertencentes ao acervo da Universidade de Pernambuco. Este núcleo também menciona o trabalho da Orquestra e do Quinteto Armorial, que mesclavam música erudita e popular.

A “Sala Especial Samico” é dedicada ao trabalho de Gilvan Samico, famoso por suas xilogravuras. Nesta sala, são apresentadas suas obras, alinhadas aos princípios do Armorial desde os anos 1970.

A “Segunda Fase” (1975-1985) inclui iluminogravuras de Ariano Suassuna, neologismo criado pelo autor mesclando as palavras iluminura e gravura. Nesses trabalhos é possível ver uma faceta pouco conhecida de Ariano, o artista plástico, interagindo com o escritor.

Completando a exposição, está o núcleo “Ariano Suassuna, Vida e Obra”, que traz uma completa cronologia ilustrada, livros e manuscritos do autor e destaca também o Balé Grial e produções de cinema e TV baseadas nas obras de Suassuna, como “Auto da Compadecida”, que é o filme mais assistido do streaming brasileiro, um sucesso tão grande que está prestes a estrear uma continuação do filme.

O módulo final, “Armorial – Referências”, celebra a arte popular com xilogravuras do recém-falecido artista J. Borges e outros mestres, além de trajes e adereços de folguedos populares.

A mostra oferece um tour acessível, com audioguias bilíngues, objetos táteis e cordéis em braile, além de uma playlist no Spotify para uma experiência imersiva.

Eventos Paralelos

Durante a exposição, o público também pode participar dos eventos paralelos “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” e “Encontros Petrobras de Música Armorial”.

Os “Diálogos Petrobras sobre Arte Armorial” são encontros que discutem a criação Armorial em Literatura, Teatro, Música, Dança e Artes Visuais.

Já os “Encontros Petrobras de Música Armorial” apresentam músicos de qualidade que interpretam composições do Armorial de várias regiões do Brasil.

A visitação pode ser feita de 23 de julho até 20 de outubro, de terça a domingo, das 10h às 18h, com entrada gratuita. Os ingressos estão disponíveis no site do Sympla ou presencialmente na bilheteria do MAB.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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Fringe é uma plataforma de comunicação e entretenimento sobre arte e cultura brasileiras criada dentro do Festival de Curitiba e conta com o patrocínio da Petrobras

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