São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, é um dos maiores municípios do mundo em extensão, com cerca de 110 mil km². Grande parte do território está às margens do Rio Negro, na região conhecida como “cabeça de cachorro”, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Colômbia.

A cidade é o ponto de partida do documentário “O Contato”, dirigido por Vicente Ferraz, que tem pré-estreia nesta quarta, (14) no Cine Brasília, numa sessão especial em homenagem a Bruno Pereira e Dom Philips, o indigenista brasileira e o jornalista britânico assassinados na região amazônica do vale do Javari em 2022.

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Após a exibição do filme, há um debate com o diretor do filme e com a produtora Juliana de Carvalho. A partir de quinta-feira (12) o filme entra em cartaz em cinemas de cinco cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Brasília e São Paulo.

O filme percorre 3 mil quilômetros a partir de São Gabriel da Cachoeira para mostrar o cotidiano de três grupos indígenas do Alto Rio Negro.

Um grupo da etnia Yanomami levam um filme sobre eles para ser exibido na aldeia. Uma mulher da etnia Arapaso viaja até a cidade para cuidar da saúde da filha. Uma família formada por Hupda e Baniwa, etnias historicamente distantes, apresenta seu filho Baniwa para os parentes Hupda.

A câmera de Vicente Ferraz nos convida a mergulhar na visão de mundo desses povos originários, que lutam há séculos para manter seus direitos, seus modos de vida e a floresta amazônica.

O documentário foi gravado nas aldeias de Iamado, Taracuá, Iauaretê e Santa Isabel,  na fronteira do Brasil com a Colômbia. Também foram filmadas cenas em Santa Cruz do Cabari, uma aldeia de recente contato, e em Maturacá, onde vivem os Yanomami e o filme é falado em quatro idiomas indigenas.

Assista ao trailer:

Em entrevista a Gabirelly Gentille, do jornal A Crítica, o diretor destacou que “O Contato” não é um “filme de causa” ou um “filme de denúncia” apenas. “Para isso temos o jornalismo e inúmeros programas que nos informam diariamente sobre o massacre que esses povos sofrem pela cobiça de suas terras”, afirmou. Segundo Vicente, a ideia era realizar um filme singular, próximo ao cotidiano dos habitantes do Alto Rio Negro.

“Por isso, optamos por um recorte preciso: acompanhar a jornada de três grupos indígenas em momentos de grande transformação. Apesar de intimista, narrado a partir de histórias singelas, essa aproximação abordou temas urgentes como ocupação do território indígena, catequese forçada, perda de saberes ancestrais e o impacto da cultura ocidental.”

Vencedor de kikitos no Festival de Gramado por filmes como “Soy Cuba”, em 2005, e “Estrada 47”, 2014, Ferraz revela que o maior desafio na direção foi se livrar de preconceitos antes de filmar. “O importante foi a aproximação com essas pessoas que se tornaram os protagonistas do filme. A partir de conhecê-las e compartilhar experiências, fui entendendo o drama de cada um deles e seu entorno”, disse ao jornal “A Crítica”.

SERVIÇO

Pré-estreia de “O Contato”, de Vicente Ferraz

Onde: Cine Brasília.

Quando: Dia 12 de agosto, às 19h.

Quanto: Entrada gratuita.

 

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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