No ano em que o cineasta gaúcho Jorge Furtado completa 40 anos de carreira, o 52º Festival de Gramado vai entregar-lhe, nesta sexta-feira (16), o Troféu Eduardo Abelin. O prêmio homenageia o pioneiro do cinema no Rio Grande do Sul, que atuou nas décadas de 1920 e 30.
O 52ºFestival de Cinema de Gramado é apresentado pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras.
Após a homenagem a Furtado, o festival exibe a estreia mundial de “Virginia e Adelaide”, dirigido por Yasmin Thayná e Furtado, a partir de um roteiro do cineasta. O filme, produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre em coprodução com a Globo Filmes, será exibido fora da mostra competitiva.
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O longa-metragem retrata a vida e obra de Virgínia Leone Bicudo (interpretada por Gabriela Correa), socióloga e psicanalista negra brasileira, e de Adelaide Koch (Sophie Charlotte), médica e psicanalista judia alemã. As duas se encontraram em 1937, um ano após a chegada de Adelaide ao Brasil, fugindo da perseguição nazista, acompanhada pelo marido e suas duas filhas.
Juntas, foram pioneiras na divulgação da psicanálise no país, enfrentando barreiras e preconceitos. Elas foram médica e paciente por cinco anos, colegas por mais de três décadas e amigas ao longo da vida.
O melhor curta de todos os tempos
Furtado é um dos mais importantes realizadores do cinema brasileiro desde os anos 1980, com uma obra que transita da ficção ao documentário, da comédia ao cinema infantojuvenil. Em 1987, ele foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, um dos principais núcleos de produção de filmes do país, onde permanece até hoje.
Nos anos seguintes, dirigiu marcos do cinema gaúcho e fez história como realizador de alguns dos melhores curtas do cinema nacional, como “O Dia em que Dorival Encarou a Guarda” (1986), “Barbosa” (1988) e, principalmente, “Ilha das Flores” (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, incluindo no Festival de Berlim. A Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) classificou “Ilha das Flores” como o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos.
Dos anos 2000 para cá, o diretor criou longas-metragens a começar por “Houve uma Vez Dois Verões” (2002). Seu segundo longa, “O Homem que Copiava”, conquistou o público e recebeu diversos prêmios, incluindo o de Melhor Filme Nacional no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2003. Recentemente, Furtado também produziu programas especiais para a televisão, abrindo novos caminhos e discussões em torno do audiovisual brasileiro.
Com informações da ASCOM do Festival de Gramado.