Em entrevista realizada nesta segunda-feira (28), em São Paulo, o cineasta Francis Ford Coppola revelou que Curitiba e o pensamento visionário do urbanista Jaime Lerner foram fundamentais na criação do protagonista de seu novo filme, Megalópolis. “Curitiba representa o protótipo do que fiz com Megalópolis”, afirmou Coppola de acordo com a Folha de S. Paulo, relembrando o impacto da cidade paranaense e da figura de Lerner, ex-governador do Paraná, no desenvolvimento da narrativa.
Assim como Lerner, o personagem de Adam Driver na trama é um urbanista utópico que que sonha com a transformação dos espaços urbanos das grandes cidades como Nova. Durante o evento em São Paulo, ele destacou novamente a importância da contribuição curitibana para o filme, que explora o embate entre César Catalina (interpretado por Driver), um artista e urbanista com ideais elevados, e Franklin Cicero (Giancarlo Esposito), prefeito de Nova Roma, motivado pela ambição.
“Curitiba me ajudou a imaginar como seria um mundo ideal, onde um novo tipo de cidade pudesse existir,” ressaltou o diretor, mencionando o sistema de saneamento básico e as soluções urbanas inovadoras desenvolvidas em Curitiba. Ele lembrou de ter visitado a cidade em 2003, quando percebeu a influência da visão de Lerner na gestão urbana e no planejamento da capital paranaense.
Prêmio Leon Cakoff
Megapólis estreou no Festival de Cannes deste ano e será exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na próxima quarta-feira (30). O diretor será homenageado com o Prêmio Leon Cakoff, consolidando seu impacto histórico no cinema global. Figura central do movimento conhecido como Nova Hollywood, Coppola tornou-se um dos mais influentes cineastas ao desafiar os padrões de Hollywood com filmes como O Poderoso Chefão e Apocalypse Now.
Com Megalópolis, Coppola continuou essa tradição, efinanciando do bolso a produção do longa. Para isso, o diretor vendeu parte de suas vinícolas e enfrentou dificuldades para garantir a distribuição do filme. Segundo ele, o projeto nasce de sua reflexão sobre o destino das grandes nações, considerando a América como “a nova Roma” e imaginando um futuro em que os rumos do mundo podem ser definidos por ditadores ou líderes humanitários.
Em um momento emocionante, Coppola lembrou de sua amizade com o cineasta brasileiro Glauber Rocha, a quem recebeu em sua casa nos Estados Unidos durante o exílio do diretor, na Ditadura Militar brasileira. “O Brasil tem uma herança cinematográfica rica. Glauber Rocha chorou nos meus braços, temendo nunca mais voltar ao seu país”, recordou o diretor.