A esta altura do ano, milhões já assistiram ao filme Ainda Estou Aqui, a produção brasileira escolhida para concorrer ao Oscar® de melhor filme estrangeiro em 2025. E quem não está em coma profundo, já ouviu falar da campanha da equipe do filme para entrar realmente na disputa.

Tesouro Natterer: uma história pouco conhecida no Brasil, Foto: Divulgação

Nem todo mundo sabe, porém, que há outro longa-metragem brasileiro indicado e pleiteando um lugar na short list (lista curta, em tradução livre) dos filmes que vão concorrer ao Oscar de melhor documentário.

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Trata-se de Tesouro Natterer, do cineasta Renato Barbieri, que foi o grande vencedor da 29ª edição do Festival Internacional de Documentários “É Tudo Verdade 2024”. O prêmio recebido em março, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, garante a classificação automática para apreciação na disputa pelo Oscar® 2025 na categoria documentário de longa-metragem.

O diretor Renato Barbieri refaz os passão da expedição. Foto: Divulgação

O diretor, que é autor dos longas Pureza (2022) e Servidão (2024), conta, em Tesouro Natterer, a história do maior acervo etnográfico sobre povos indígenas do Brasil no mundo.

Expedição Austríaca

A produção apresenta Johann Natterer, membro da Expedição Austríaca que acompanhou a então Arquiduquesa Leopoldina em sua vinda ao Brasil, em 1817. Dos integrantes da expedição, ele foi quem mais tempo permaneceu no Brasil: 18 anos.

Uma das peças enviadas para museus na Europa. Foto: Divulgação

Todo esse período resultou em uma impressionante coleção natural e etnográfica, composta por mais de 50 mil objetos, formando o maior acervo sobre povos indígenas do Brasil no mundo. Natterer fez um total de 11 remessas para Viena, e todo o material se encontra incrivelmente preservado até hoje, dois séculos depois, no Museu de História Natural e no Weltmuseum Wien, em Viena, Áustria.

“O que me fascinou na jornada de Natterer foi seu sutil processo de reumanização, que percebemos no tom das mais de 60 cartas que ele enviou para a Áustria enquanto esteve no Brasil. O país praticamente desconhece esse fato”, enfatiza Barbieri.

Possível Repatriação

O documentário levanta a possibilidade de repatriação do acervo. Foto: Divulgação

O documentário aventa a hipótese de repatriação de parte das mais de 2.300 peças etnográficas pertencentes a 68 povos originários do Brasil. Tesouro Natterer estabelece, por meio da Coleção Johann Natterer, uma conexão entre o Brasil atual e o de 200 anos atrás, levantando questões fundamentais sobre preservação cultural, identidade nacional e reparação histórica.

“É emocionante ver o Tesouro Natterer representando o Brasil no Oscar 2025, ao lado de outra grande produção brasileira. Isso demonstra a potência do nosso audiovisual, que tem conquistado reconhecimento internacional e promovido nossa cultura de maneira significativa. A expectativa é que essa visibilidade permita ao mundo conhecer mais sobre a rica história dos povos originários do Brasil, narrada neste documentário que levou 20 anos entre idealização, pesquisa, produção, filmagem e finalização”, afirma Renato Barbieri.

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