Se no teatro houve 12 adaptações para textos de Dalton Trevisan, morto em Curitiba nesta segunda-feira (9), no cinema foram ainda menos. Há um único longa-metragem inspirado na literatura daltoniana, Guerra Conjugal, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, um dos expoentes do Cinema Novo brasileiro.
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Filmado em 1974 e lançado no ano seguinte, o filme adapta 16 contos de Dalton, retirados não apenas do livro Guerra Conjugal, mas também de Novelas Nada Exemplares, Desastres do Amor, O Vampiro de Curitiba, Cemitério de Elefantes e O Rei da Terra.
Nas palavras do diretor Joaquim Pedro de Andrade, o roteiro, escrito por ele, respeita palavra por palavra os diálogos de Dalton: “ilustra crônicas de psicopatologia amorosa na civilização do terno e gravata, ainda vigente na mitológica e ubíqua cidade de Curitiba, onde medram flores de plástico e elefantes vermelhos de louça podem surgir a qualquer momento”.
Por ocasião do lançamento do filme, em 1975, Trevisan escreveu uma nota no jornal O Globo elogiando a obra: “O belíssimo filme de Joaquim Pedro me deslumbrou os olhos, alegrou o coração e edificou a alma. Melhor que o livro é essa fabulosa obra-prima dirigida com garra, humor e consciência crítica. Uma experiência inesquecível o filme Guerra Conjugal. Foi para mim e será para todos os que assistirem.”
O longa foi exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes de 1975 e, no Festival de Brasília do mesmo ano, recebeu os prêmios de Melhor Diretor, Melhor Atriz e Melhor Montagem. O filme com Lima Duarte, Cristina Aché e Carlos Gregório no elenco está disponível no YouTube:
Outros Filmes
Além de Joaquim Pedro, o único cineasta fora de Curitiba autorizado por Dalton a filmar sua obra foi Flávio Tambellini, com o filme de episódios Um Uísque Antes, Um Cigarro Depois. O segundo episódio, Mocinha de Luto, foi a primeira filmagem autorizada por Dalton e foi rodado em Curitiba, no início dos anos 1970, com elenco local em que se destacou a atriz, cantora e apresentadora Laís Mann.
Dalton também autorizou o cineasta curitibano Estevan Silveira a adaptar seus textos para o cinema. “Era fascinado pela literatura dele e um dia, depois de uma peça do Ademar Guerra com os textos dele, o conheci na porta do teatro”, contou o cineasta à Gazeta do Povo. Segundo Estevan, Dalton “foi com a cara dele”.
Estevan dirigiu Penélope e Em Busca da Curitiba Perdida, além de co-dirigir A Balada do Vampiro com Beto Carminatti, filme que recebeu dois Kikitos no Festival de Gramado de 2007.