Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo, filme dirigido por Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro, foi o vencedor da Mostra Aurora, a categoria mais badalada da Mostra Tiradentes.

O evento, encerrado neste fim de semana na cidade histórica mineira, contou com a participação de aproximadamente 38 mil pessoas, segundo estimativa dos organizadores. Além disso, parte da programação foi disponibilizada em plataforma online, que recebeu mais de 500 mil acessos vindos de 81 países.

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O filme, uma produção sergipana, venceu a categoria voltada à exibição de filmes inéditos de novos realizadores que estão em seu primeiro longa-metragem. Desde sua criação em 2008, essa mostra se consolidou como uma das principais atrações do festival sediado na cidade mineira.

Um Minuto é uma Eternidade para Quem Está Sofrendo é um documentário que acompanha Wesley, um dos dois diretores, em um mergulho na sua própria personalidade, expondo sentimentos e conflitos internos em diferentes momentos da vida.

Outros premiados na Mostra Tiradentes

Noite dos premiados da Mostra Tiradentes revelou novos realizadores. Foto: Léo Lara/ Universo Produção

A Mostra Olhos Livres, outra categoria de destaque no evento, consagrou uma obra coproduzida em Minas Gerais e em São Paulo. Trata-se do longa-metragem Deuses da Peste, dirigido por Tiago Mata Machado e Gabriela Luíza. Declarado vencedor pelo júri oficial, composto por críticos, o filme narra uma história ambientada em um casarão em ruínas, no centro da capital paulista, onde vive um velho ator afastado dos palcos.

Além das duas principais categorias, a Mostra de Cinema de Tiradentes distribuiu outros prêmios. Entre Corpos, de Mayra Costa, foi apontado pelo júri oficial como melhor curta-metragem da Mostra Foco. A atriz Ticiane Simões, que atua no filme, também foi premiada por sua atuação. Já o voto popular consagrou o longa-metragem 3 Obás de Xangô, de Sergio Machado, e o curta-metragem Dois Nilos, de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro.

O papel da Mostra Tiradentes no setor audiovisual

Mais do que prêmios e homenagens, o evento inaugura o calendário audiovisual do país e estabelece o tom de muitas das discussões que irão se estender por outros festivais ao longo do ano. Um dos destaques dessa edição foi a carta elaborada por um grupo de 89 representantes dos variados segmentos do setor audiovisual, com demandas consideradas prioritárias para 2025 e 2026.

A atriz Bruna Linzmeyer foi homenageada na Mostra Tiradentes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O documento, endereçado ao Ministério da Cultura (MinC) e a outras estruturas do governo, trata de desafios envolvendo produção, distribuição, exibição, formação e preservação. Um dos principais temas é a regulação das plataformas digitais de streaming que exploram serviços de vídeo sob demanda (VOD, na sigla em inglês). Na semana passada, representantes da Secretaria do Audiovisual (SAV) do MinC apontaram que essa será uma pauta prioritária para este ano.

“É urgente que a gente resolva neste ano a regulação do VOD”, disse a secretária nacional do audiovisual, Joelma Gonzaga. Segundo ela, um dos pontos centrais é garantir a proteção do conteúdo nacional. Isso significa que plataformas como Netflix, Amazon Prime Video, Disney+ e HBO Max teriam que cumprir um percentual mínimo de produções nacionais em seus catálogos disponibilizados para o público brasileiro. Além disso, a regulação do VOD envolve temas como tributação, direito patrimonial e proeminência da produção independente.

Demandas e desafios para o audiovisual brasileiro

Atualmente, tramitam no Congresso Nacional dois projetos de lei sobre o tema. Na carta, os representantes do setor cobram uma articulação interministerial para avançar na pauta e aprovar uma regulação que favoreça a indústria audiovisual brasileira independente.

Ao todo, o documento apresenta 22 tópicos de reivindicação. Os signatários avaliam que, sob a atual gestão do MinC, o setor vem superando um processo de desmonte que estava em curso até 2022. Entre os avanços citados, estão as articulações para execução da Lei Paulo Gustavo e da Política Nacional Aldir Blanc. No entanto, ainda persistem diversas preocupações.

Setor audiovisual criou documento para pensar o futuro da área na Mostra Tiradentes. Foto: Léo Fontes/ Universo Produção

Uma das demandas é a regulamentação da Lei Federal 13.006/2024, aprovada no ano passado, que estabelece a exibição de filmes nacionais como componente curricular complementar nas escolas, com um mínimo de duas horas mensais. O debate também envolve o Ministério da Educação (MEC).

O MinC tem sinalizado que essa discussão ocorre paralelamente ao desenvolvimento de uma plataforma de streaming público, com disponibilização gratuita de produções audiovisuais nacionais. A expectativa é lançá-la ainda este ano para ampliar o acesso ao cinema nacional e contribuir para a formação de público. Além disso, a ideia é que a plataforma também seja utilizada pelas escolas.

Na carta, os representantes do setor cobram não apenas a efetivação do streaming público, mas também o fortalecimento do papel da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Criada pela Lei Federal 11.652/2008, a empresa organiza o campo público da comunicação no país e é responsável pela TV Brasil, pela Agência Brasil e pela Rádio Nacional. “Ampliar a participação da EBC em coproduções e licenciamentos de produções independentes de todas as regiões do Brasil e estimular o relacionamento com distribuidoras independentes” está entre as principais reivindicações.

Outras demandas incluem o fortalecimento das estruturas de participação social do setor e a aprovação da medida provisória que prorroga até 2029 os incentivos fiscais da Lei do Audiovisual. Os signatários também defendem a regionalização da produção e o reconhecimento legal dos direitos autorais dos profissionais criadores do audiovisual brasileiro.

Com texto e informações de Léo Rodrigues – Agência Brasil 

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