Por Rodrigo Juste Duarte
No ensaio filosófico “O futuro da música chegou e não pertence aos criadores. A IA e a gamificação da música serão o fim dos compositores?“, escrito por Manoel José de Souza Neto, o autor aborda a transformação radical que a indústria musical está passando devido ao avanço da inteligência artificial (IA) e da gamificação das relações entre música e consumidores, que estão começando a focar mais na experiência e nas interações com as obras originais do que efetivamente na escuta musical.
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O autor reflete sobre como essas tecnologias estão redefinindo a criação, produção e consumo de música, questionando se os compositores humanos serão eventualmente substituídos por algoritmos.
No artigo, o autor começa apresentando um contexto histórico, relembrando debates e artigos que escreveu no final do século XX e em 2004, nos quais já previa que a tecnologia poderia dominar a criação musical, marginalizando os artistas humanos. Ele alertava para a padronização estética e a perda de controle dos compositores sobre suas obras, que passariam a ser guiadas por algoritmos e decisões de programadores ou corporações. “Essa tendência tem se acelerado sem regulamentação adequada, gerando impactos sociais e culturais negativos”, afirma o autor.
A ascensão da IA na música é uma preocupação que qualquer um, seja criador ou ouvinte, deveria ter, segundo o autor. Souza Neto destaca que a IA já é capaz de criar músicas completas, simulando estilos de artistas famosos e gerando “novas” obras sem a necessidade de compositores humanos. “
Ferramentas como VoCo podem simular vozes, enquanto o uso de Suno, AIVA e outras permitem que qualquer pessoa, sem conhecimento musical, crie músicas com comandos simples. Isso está levando a uma banalização da produção musical, com milhares de músicas sendo geradas diariamente e carregadas em plataformas de streaming, muitas vezes sem a devida autorização dos artistas originais”, avalia.
Gamificação e a mudança na experiência musical
Além da IA, o artigo aborda a gamificação na área musical, onde a experiência de ouvir música se transforma em um jogo interativo. Games como Guitar Hero e Just Shapes & Beats são exemplos de como a música está se tornando uma experiência lúdica, distanciando-se da apreciação artística tradicional. Essa tendência, segundo o autor, está rebaixando o valor estético da música, transformando-a em um produto de entretenimento superficial.
Riscos jurídicos e éticos
Existem impactos relacionados à autoria e aos direitos autorais. O autor critica a forma como os direitos autorais têm sido manipulados para beneficiar grandes corporações em detrimento dos criadores.
“Embora os tratados e leis de direitos autorais tenham sido criados para proteger os artistas, na prática, eles têm servido mais para proteger as empresas que controlam a distribuição e reprodução das obras. Com a IA, essa tendência se intensifica, pois as máquinas podem gerar músicas sem a necessidade de pagar royalties ou direitos autorais, eliminando gradualmente a necessidade de compositores humanos”, argumenta.
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A desregulação do ambiente global da internet e do uso dessas ferramentas é o problema central, sendo tema de um encontro de cúpula global no último dia 11 de fevereiro, onde várias nações do mundo assinaram uma carta de intenções. No entanto, Inglaterra e Estados Unidos se recusaram a assinar.
Num tom ácido e crítico, o artigo expõe preocupações do autor. Souza Neto expressa certa indignação com o rebaixamento estético e artístico da música gerada por IA, que muitas vezes carece da sensibilidade e criatividade humanas. Ele também alerta para os riscos jurídicos e éticos dessa tecnologia, como o uso não autorizado de vozes e estilos de artistas famosos, criando “deepfakes” musicais que podem enganar os ouvintes. Além disso, ele questiona a falta de regulamentação e o impacto negativo que isso pode ter na subsistência dos compositores e músicos.
Necessidade de regulamentação
No ensaio, o autor conclui que, embora a IA e a gamificação estejam transformando a indústria musical, a originalidade humana ainda será valorizada por aqueles que apreciam a música como arte. No entanto, ele alerta que, sem uma regulamentação adequada, a música corre o risco de se tornar um produto banalizado, controlado por grandes corporações e algoritmos, em detrimento dos criadores humanos.
O artigo serve como um alerta sobre os impactos da IA e da gamificação na música, destacando a necessidade de reflexão e regulamentação para proteger os direitos dos artistas e a integridade da criação artística. Enquanto a tecnologia avança, é crucial encontrar um equilíbrio entre inovação e preservação da autoria humana.