Ainda Estou Aqui chega neste domingo (2) a disputa do Oscar 2025 com chances de trazer pelo menos para casa uma das três estatuetas que está dispurando: melhor filme, filme internacional e melhor atriz.
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A carreira de premios do onga ganhou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza – escrito por Murilo Hauser e Heitor Loreqa – e desde então o elenco segue em campanha intensa em busca do primeiro Oscar brasileiro.
Estrelado por Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello, filme é ima adaptação de uma obra autobiográfica de Marcelo Rubens Paiva em que conta a história de sua mãe Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, que foi levado de casa e morto pelos militares durante a ditadura.
80 Anos
Ainda que não seja nenhuma tragédia nacional, nunca uma produção brasileira ganhou a cobiçada estatueta da indústria estadunidense em nenhuma das categorias nos quase 80 anos de tentativas. Uma busca que começou em 1945, quando o samba-canção Rio de Janeiro, do grande Ary Barroso, disputou a estatueta de Melhor Canção Original pelo filme norte-americano Brazil, produzido em 1944 pela Republic Pictures. O filme é estrelado pelo ator e cantor mexicano Tito Guizar que canta a música no filme.
Em 1960, o drama ítalo-franco-brasileiro Orfeu Negro venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, mas representando a França, não o Brasil. O filme estrelado pelo então jogador do Fluminense Breno Mello, de certa forma, usurpou o argumento e as canções da peça de Vínicius de Moraes, Orfeu da Conceição, e nunca gozou de prestígio nas hostes cinematográficas brasileiras, muito pelo contrário.
Foi só em 1963, que o Brasil país teve seu próprio representante entre os melhores filmes estrangeiros do ano com o clássico O Pagador de Promessas de Anselmo Duarte, mas perdeu do drama francês Sempre Aos Domingos. Em 1986, a coprodução brasileira O Beijo da Mulher-Aranha recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor para o argentino e brasileiro naturalizado Héctor Babenco (foto acima).Quem ganhou foi A Cor Púrpura, de Steven Spielberg.
Indicações depois da Retomada
Ainda nos anos 90, na empolgação da “retomada” do cinema nacional, três representantes brasileiros disputaram a estatueta de Melhor Filme Internacional: O Quatrilho (em 1996), O Que É Isso, Companheiro? (em 1998) e Central do Brasil (em 1999), sendo que este último rendeu ainda uma indicação de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.
Em 2004, Cidade de Deus, ignorado como Melhor Filme Internacional no ano anterior, recebeu quatro indicações nas categorias principais: Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição, mas não ganhou nenhuma, pois O Senhor dos Anéis passou o rodo nos prêmios.
No ano seguinte, dirigido pelo mesmo Walter Salles que vai concorrer este ano com Ainda Estou Aqui, o filme Diários de Motocicleta disputou dois Oscars e ganhou o de melhor canção: Al Otro lado Del Rio, do uruguaio Jorge Drexler. O diretor de animações Carlos Saldanha, já dirigiu quatro filmes indicados ao Oscar: Era do Gelo, Gone Nutty, Rio e Ferdinand, mas também nunca levou.
Único prêmio
A única brasileira nata a conquistar um Oscar em toda a história é Luciana Arrighi que em 1993 recebeu o Oscar de Melhor Direção de Arte pelo drama inglês Retorno a Howards End, estrelado por Anthony Hopkins, e Emma Thompson. Luciana ainda concorreu ao prêmio em outras duas ocasiões. Nascida no Rio de Janeiro, em 1940, ela mudou-se para a Austrália aos dois anos de idade e fez carreira na cena teatral de Londres e nas produção da emissora BBC.
Documentários e um grande curta
Alguns curtas-metragens e documentários nacionais também disputaram O Oscar ao longo do tempo como Raoni, que mostra a vida do líder indígena brasileiro Raoni Metuktire, Lixo Extraordinário, sobre o artista plástico paulista Vik Muniz, e a segunda O Sal da Terra, sobre o fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, e Democracia em Vertigem, de Petra Costa.
Em 1998, o curta-metragem, Uma História de Futebol, de Paulo Machline, concorreu em sua categoria. O filme com roteiro do diretor e de José Roberto Torero que conta a história romanceada do nascimento de Pelé é tão bonito que merecia ter ganhado. Quem sabe seja amanhã o dia.
Lista de Filmes indicados
Veja abaixo, todos os filmes brasileiros indicados por entidades da área cinematográfica para concorrer a categoria de Melhor Filme Estrangeiro/Melhor Filme Internacional do Oscar:
1961: “A Morte Comanda o Cangaço”
1963: “O Pagador de Promessas” (Indicado)
1965: “Deus e o Diabo na Terra do Sol”
1966: “São Paulo, Sociedade Anônima”
1968: “O Caso dos Irmãos Naves”
1969: “As Amorosas”
1970: “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”
1971: “Pecado Mortal”
1972: “Pra Quem Fica, Tchau”
1973: “Como Era Gostoso o Meu Francês”
1974: “A Faca e o Rio”
1975: “A Noite do Espantalho”
1976: “O Amuleto de Ogum”
1977: ”Xica da Silva”
1978: “Tenda dos Milagres”
1979: “A Lira do Delírio”
1980: “Bye Bye Brasil”
1981: “Pixote, a Lei do Mais Fraco”
1985: “Memórias do Cárcere”
1986: “A Hora da Estrela”
1987: “Um Trem para as Estrelas”
1988: “Romance da Empregada”
1989: “Dias Melhores Virão”
1991: “A Grande Arte”
1996: “O Quatrilho” (Indicado)
1997: “Tieta do Agreste”
1998: “O Que É Isso, Companheiro?” (Indicado)
1999: “Central do Brasil” (Indicado)
2000: “Orfeu”
2001: “Eu, tu, eles”
2002: “Abril despedaçado”
2003: “Cidade de Deus”
2004: “Carandiru”
2005: “Olga”
2006: “2 filhos de Francisco”
2007: “Cinema, aspirinas e urubus”
2008: “O ano em que meus pais saíram de férias” (Pré-Indicado)
2009: “Última parada 174”
2010: “Salve geral”
2011: “Lula, o filho do Brasil”
2012: “Tropa de elite 2: O inimigo agora é outro”
2013: “O palhaço”
2014: “O som ao redor”
2015: “Hoje eu quero voltar sozinho”
2016: “Que horas ela volta?”
2017: “Pequeno segredo”
2018: “Bingo: O rei das manhãs”
2019: “O grande circo místico”
2020: “A vida invisível”
2021: “Babenco — Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou”
2022: “Deserto particular”
2023: “Marte um”
2024: “Retratos fantasmas”
2025: “Ainda Estou Aqui”