Com informações da Assessoria de Imprensa do Festival de Curitiba
Um Festival para todos. O mote da campanha do Festival de Curitiba, não é só uma mera frase. Investindo em acessibilidade ano após ano, o evento, que está em sua 33° edição, abraça as pessoas surdas ou com baixa audição com uma mostra totalmente dedicada a elas. Pelo segundo ano, a Mostra Surda de Teatro, acontece entre os dias 28 e 30 de março, no Teatro SESC da Esquina.
+LEIA TAMBÉM+ Espetáculo de dança inspirado na lenda das Cataratas do Iguaçu entra em cartaz em Curitiba
Sob a curadoria do diretor e intérprete de Libras Jonatas Medeiros e da artista surda Rafaela Hoebel, a Mostra Surda consolida-se como um espaço de protagonismo e representatividade, destacando espetáculos produzidos e atuados por artistas surdos de diferentes regiões do Brasil. Jonatas Medeiros comemora o deslocamento para um espaço mais amplo e confortável para público e artistas e destaca que a continuidade do evento reforça o compromisso do Festival de Curitiba com a inclusão e a acessibilidade:
“A permanência da Mostra Surda de Teatro representa um compromisso tanto do festival em manter a comunidade surda próxima e atuante, quanto da própria comunidade surda, que encontra nesse espaço uma vitrine para suas produções”.
Para a diretora do Festival de Curitiba, Fabiula Passini, a permanência da Mostra Surda na programação é essencial:
“Ela proporciona um espaço crucial para a expressão artística e cultural da comunidade surda, celebrando sua língua, identidade e experiências, além de incentivar a participação e o desenvolvimento de talentos artísticos”.
Diversidade de linguagens
A programação deste ano traz sete espetáculos que exploram diferentes linguagens cênicas, abordando temas como identidade, resistência, cultura surda e interseccionalidade. “Este ano nós trouxemos um núcleo de três mulheres artistas do Ceará, a Flutuante Produção Cultural, que são duas surdas e uma ouvinte tradutora de Libras. E esse núcleo vai atuar e apresentar quatro espetáculos diferentes”, conta Rafaela Hoebel. Um dos destaques é “Vozes Silenciadas”, que abre a Mostra na sexta-feira (28 de março). O drama traz relatos reais de surdos do interior do Ceará e denuncia injustiças vividas por essa comunidade.

O núcleo cearense também marca presença com dois espetáculos infantis: “A Astronauta Mara: a aventura no mundo das bocas e das mãos” e “A Chapeuzinho Azul” – este último, uma releitura inclusiva do clássico conto infantil, em que a cor azul, que representa a identidade surda, assume o lugar do clássico vermelho. Outro espetáculo do grupo Flutuante que também deve agradar a todos os públicos é “A Palhaça Surda Mara”, no qual Lyvia Cruz mergulha em questões significativas como identidade de gênero, relacionamentos e maternidades sob a perspectiva da surdez e com muito humor.
O monólogo “Ilíada em Libras”, espetáculo da Fluindo Libras e Cia Ilíada de Homero, de Curitiba, é outra atração imperdível. Sob direção de Rafaela Hoebel e Otávio Camargo, Jonatas Medeiros traduz e performa o texto homérico em Libras, proporcionando uma experiência teatral singular. O espetáculo tem leitura em português.
Na interseccionalidade entre surdez e negritude, o espetáculo “Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui”, da Cia. de Teatro BH em Libras, traz uma abordagem bilíngue, com atores surdos e ouvintes dialogando sobre pertencimento e identidade.
A programação também contempla a linguagem da dança com “Movimento de Escuta”, do Rio de Janeiro. A apresentação, que mistura passinho, SLAM e poesia visual surda, contará com cinco sessões ao longo da Mostra Surda num espaço reservado dentro do teatro.
Troca de experiências
Além dos espetáculos, a Mostra Surda 2025 oferecerá um bate-papo no encerramento e uma oficina, na sexta-feira, das 9 ao meio-dia, ambos promovidos pelo grupo Movimento de Escuta. A proposta é aproximar ainda mais o público da experiência surda na arte.
A Mostra Surda de Teatro é uma das ações promovidas pela Fluindo Libras, coletivo cultural voltado para arte surda e tradução em Libras, que contou com o apoio de emenda parlamentar do vereador Angelo Vanhoni. O vereador foi relator do Plano Nacional de Educação em 2016, em que defendeu o reconhecimento e financiamento da educação bilíngue para surdos como modalidade de ensino.