Quanto vale uma memória? E mais, quanto valem as memórias das pessoas que já viveram histórias, muitas vezes, inimagináveis?
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O espetáculo A Velocidade da Luz, que faz parte da Mostra Lucia Camargo do 33° Festival de Curitiba, explora tudo o que os idosos podem compartilhar conosco em um lindo projeto do diretor argentino Marco Canale.
Nascido numa vila de Buenos Aires no FIBA (2017), o projeto passou por festivais na Alemanha (2019), Japão (2021), Suíça (2022), Espanha (2023), Brasil no Festival Mirada (2024) e Chile (2024), sempre causando arrebatamento em quem participa ou assiste.
Em cada local em que o trabalho foi encenado, pessoas idosas são chamadas para fazer parte de um processo de criação vital que, a partir de suas memórias, as faz escrever e inventar ficções, cantar, dançar e atuar, explorando as potências e fragilidades deste momento de suas vidas.
Para o Festival, Marco revela as expectativas com o grupo que reuniu em Curitiba:
Eu sinto que é um grupo muito maravilhoso, tem lembranças muito interessantes mas também histórias sobre o presente, gente que canta, dança, que tem muitas coisas para compartilhar. Estamos abrindo um caminho de amizade e encontro que fala sobre passado, presente, mas também sobre o futuro. É uma obra protagonizada pelos idosos mas é para todas as gerações. A sociedade precisa dos idosos para poder estar em equilíbrio para poder escutar essas pessoas”.
O diretor conta que o espetáculo e sua preparação é similar por onde passa, mas o resultado muda de acordo com cada cidade, afinal, cada cultura acende novas vivências e lembranças do grupo.
É um processo muito orgânico, onde cada pessoa faz o que quer fazer, então as histórias que eles compartilham são as que eles querem compartilhar”.
Para Sônia Regina Hoffman, uma das participantes do projeto e que já fez parte de um grupo de teatro quando mais nova, A Velocidade da Luz é um espetáculo interessante:
Essa proposta me pegou, acho que vai ser bem bacana, estou até desmarcando compromissos que acontecem no mesmo dia para poder participar.
Já a dona Conchita, espanhola e residente no Brasil há anos, é professora aposentada e comenta que estimulou o teatro com seus alunos na época da ativa e ainda que participou de um curso Antônio Carlos Kraide, um dos maiores diretores curitibanos, que faleceu em 1983.
O Marco nos apresentou o projeto de uma maneira que nos incentivou. Eu estou bem animada”.
O espetáculo acontece nos dias 5 e 6 de abril às 16h na Praça Santos Andrade. O evento é gratuito. Veja a programação completa do Festival de Curitiba.