Por André Nunes
Depois da ampliação da representatividade regional das produções convidadas para o Festival de Curitiba nos últimos anos – cujo ápice se deu com o Eixo Amazônico na edição 2024 –, a Mostra Lucia Camargo agrega à sua programação não somente espetáculos de todas as regiões brasileiras, mas também o retorno de peças de outros países da América Latina.
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“Retomando o gesto iniciado com a inesquecível abertura do Festival de 2023 com o ‘Hamlet’ do Teatro de la Plaza, do Peru, decidimos criar um Eixo Latino, composto por quatro trabalhos notáveis (“A velocidade da luz”, “Gaviota”, “No estoy solo” e “El desmontaje”)”, destacam os curadores Daniele Sampaio, Patrick Pessoa e Giovana Soar.
Em “No Estoy Solo” (“Não Estou Sozinho”), o performer argentino Iván Haidar usa o toque como ferramenta para ativar os sentidos como veículo de comunicação. Utilizando projeções em vídeo de si próprio reduplicado, o performer convida a plateia a refletir sobre o que efetivamente é possível perceber nos mais diferentes tipos de encontros.
O espetáculo fará duas apresentações na Caixa Cultural Curitiba nos dias 25 e 26 de março, com classificação de 18 anos. Os ingressos estão à venda pelo site oficial e na bilheteria física do Shopping Mueller.
Presença e Ausência
Com estreia nacional em agosto de 2024, no Itaú Cultural, em São Paulo, “No Estoy Solo” apresenta uma perspectiva sobre relacionamentos, propondo uma fronteira entre dois e um, companhia e solidão, presença e ausência, segundo descrição de Haidar.
“Está situado em um mundo onde as conexões não são apenas físicas, e reflete sobre o que na virtualidade e no que percebemos em diferentes tipos de encontros é real. O corpo é o eixo do trabalho: a carne, os ossos, o coração, a respiração, a pele, as emoções, a alma. São os restos, a ausência de um outro, a memória do que resta”, descreve. O espetáculo conta com apoio do Instituto Nacional del Teatro (INT / Proteatro).
Turnê latina
Em relação à historicidade do espetáculo, “No Estoy Solo” é a última criação dentro de uma trilogia de peças que trabalha na duplicação do corpo e a relação, o relacionamento entre o corpo virtual e o corpo real, segundo Iván Haidar, nessa dramaturgia que aparece também se duplicam esses mundos, tempos e corpos.
“Nossa estreia foi dentro do contexto do Festival Internacional de Buenos Aires (FIBA), seguido por várias temporadas na capital argentina. No Brasil, a gente já apresentou em Teresina (PI), no Festival Junta, e também em São Paulo. Também já passamos por Bogotá (Colômbia) e por várias cidades da Argentina. O tour está sendo sempre muito enriquecedor”, detalha.
O performer afirma que é grande a expectativa de se apresentar no Festival de Curitiba. “A gente conhece muito o festival, sabemos de sua importância no contexto do Brasil e das artes cênicas da América Latina, em geral. Então, para a gente, é uma responsabilidade e também uma felicidade total. Eu já conhecia Curitiba, mas vai ser minha primeira apresentação aqui”.
“Para os argentinos, o Brasil sempre é um objetivo de comunidade, pois temos tantas coisas em comum nos nossos países, e também muitas coisas diferentes que enriquecem essa relação. Para nós, culturalmente, politicamente, é bem importante estabelecer esses laços, essas redes e vínculos que possam ser também portas abertas para outros artistas argentinos, e também para brasileiros aqui em nosso país”, finaliza Iván.