Por Gabriel Costa, especial para o Fringe
Dez dia depois da consagração Ainda Estou Aqui com inédito Oscar de Melhor Filme Internacional, um novo trabalho de Fernanda Montenegro chega às telas dos cinemas brasileiros.
Nesta quinta (13), chega ao circuito nacional Vitória, o filme que conta a história de uma idosa que, preocupada com a escalada da violência em seu bairro, decide crimes que a cercam.
+ Leia Também + Fernanda Montenegro abre o ano na ABL com recital literário
Numa trama que mais parece um roteiro pitoresco de Hollywood, mas na verdade uma história real, que aconteceu entre 2004 e 2005 no Rio de Janeiro, o filme conta como após adquirir uma câmera, ela registrou durante dois anos os acontecimentos à vista de sua janela.
As fitas são entregues à polícia e, em seguida, chegam às mãos de um jornalista, que as transforma em denúncias na imprensa. As reportagens resultam em investigações que culminam na prisão de mais de 30 criminosos.
O Fringe selecionou sete fatos sobre o filme que vale a pena conhecer antes de assisti-lo nos cinemas:
1-Vitória tinha outro nome
Na verdade, Vitória era Joana Zeferino Paz. Para garantir sua segurança, seu verdadeiro nome foi mantido em sigilo até o dia em que faleceu. O jornalista Fábio Gusmão, responsável pela série de reportagens sobre o caso, revelou que Joana desejava reconhecimento, mas foi aconselhada a viver em anonimato e adotar um novo nome: Vitória.
2- Programa de Proteção a Testemunhas
Diante do risco iminente, Joana ingressou no PROVITA, o Programa Federal de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, que desde 1999 oferece acolhimento, transferência de território, pagamento de aluguel e subsídios mensais para alimentação às testemunhas de todo o Brasil. Em 2006, devido ao programa, ela se mudou para Salvador.
3-Joana era uma mulher negra
A escolha de Fernanda Montenegro para interpretar Joana, uma mulher negra, gerou debates. Porém, a identidade da protagonista só foi revelada ao mundo após a seleção do elenco, abrindo espaço para a atriz de “Central do Brasil” e “Auto da Compadecida” atuar no filme.
4-Troca de diretores na produção
Inicialmente, o filme seria dirigido por Brenno Silveira, que faleceu antes do início das gravações devido a um infarto fulminante. Silveira estava em profundo estresse devido ao seu trabalho, que incluía outras produções, como a segunda temporada de “Dom”. Andrucha Waddington, marido de Fernanda Torres e genro de Fernanda Montenegro, assumiu a direção, repetindo a experiência de já ter trabalhado com sua sogra em Casas de Areia (2005).
5-Vitória contra o Estado
Antes de iniciar as gravações, Joana processou o Estado pela desvalorização de seu imóvel, consequência dos crimes na região. Durante o processo, ela foi desacreditada e um coronel da polícia militar afirmou que a questão já era tratada pelo seu batalhão. Anos depois, as fitas comprovaram que Joana estava certa
6-Participação de uma ex-BBB
A ex-BBB e rapper Linn da Quebrada integra o elenco do longa. E essa não é a estreia da artista no cinema. Em 2018, ela protagonizou o documentário Bixa Travesty, que narra sua experiência como mulher negra e trans. O documentário recebeu o prêmio Teddy Award de melhor documentário LGBT, além de muitos outros prêmios ao redor de todo o mundo.
7-Filme é baseado no livro “Dona Vitória da Paz”
Fábio Gusmão transformou a história em livro, lançado em 2006 sob o título Dona Vitória da Paz e relançado em 2024 como Dona Vitória Joana da Paz. O relançamento da obra visa preservar a memória e os ensinamentos de Joana, que faleceu em 2023.