Se existe uma certeza no mundo é a capacidade de Arnaldo Antunes em condensar em suas letras palavras intrigantes em um conjunto que forma um contexto exato. É como se fosse um quebra-cabeça em que ele começa a montar as peças pelas laterais até formar um desenho.
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Digamos que esse novo desenho é o disco Novo Mundo, que chegou às plataformas no último dia 20. E para a nova empreitada, cinco anos após O Real Existe (de 2020), Arnaldo convocou nomes que fazem parte da sua história e também a nova geração, como é o caso de Ana Frango Elétrico em Pra Não Falar Mal. Já Marisa Monte, parceira desde antes dos Tribalistas, faz uma bela participação em Sou Só, que inclusive, lembra bastante o trio composto por eles com Carlinhos Brown. E ainda tem David Byrne, fundador do grupo norte-americano Talking Heads em Body Corpo e Não Dá Para Ficar Parado Aí na Porta, ambas cantadas em português e inglês.
O disco, que por sinal abre com a faixa-título e que também conta com uma participação super especial do rapper baiano Vandal, traz a tecnologia e todo o resto do mundo digital no qual estamos inseridos e que por muito, deixamos passar batido. Essa é a canetada oficial.
Outro destaque é O Amor é a Droga Mais Forte, apresentada com riffs desconcertantes, bateria rápida e uma atmosfera sombria, exatamente o que a letra sugere.
A produção, assinada por Pupillo Oliveira e que também toca bateria, percussão, programações e efeitos ao lado de músicos como Kiko Dinucci (guitarra, violão e programações), Betão Aguiar (baixo) e Vitor Araújo (piano e sintetizador) é de uma coesão perfeita. Tudo o que Arnaldo, em seu 20° trabalho solo, poderia sonhar ao compor as faixas.
Em resumo, Novo Mundo é canetada atrás de canetada com uma estrutura sonora de extremo bom gosto. Ouça.