Por Eduardo Wolski e Nicole Heinzen, especial para o Fringe
Em releitura contemporânea do conhecido número de circo-teatro, Jéssica Teixeira assume o papel de atriz, dramaturga e diretora do espetáculo “Monga” com sessões nos dias 26 e 27 de março, no Teatro Paiol, já com ingressos esgotados.
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Em coletiva nesta terça-feira (25), na Sala de Imprensa Ney Latorraca, no Hotel Mabu, a artista revelou que a peça fará uma temporada na Europa, ainda em 2025, passando por França, Alemanha, Itália, Suíça e Portugal.
Jéssica foi recentemente premiada pelo tradicional Prêmio Shell de Teatro. A cearense recebeu o título de melhor direção com a peça que apresentará nesta edição do Festival de Curitiba. A atriz avalia que a importância da premiação é “furar a bolha” regional. “Para mim que vim de Fortaleza, nunca imaginei estar no prêmio Shell, porque eles não olhavam para nenhuma região que não fosse o eixo Rio-São Paulo”, disse.
Julia Pastrana
A história “Monga”, que tem várias adaptações desde o século 19, é uma criação da mexicana Julia Pastrana, que foi vulgarmente chamada de mulher-macaco. Devido a uma condição genética rara, o rosto e o corpo dela eram cobertos de cabelos pretos. Julia foi explorada durante toda a vida, virando uma atração de circo e vivendo presa em uma jaula.

Jéssica destaca que essa não é mais uma apresentação da “Monga”, pois, nesta releitura, ela não se coloca dentro da jaula e não reproduz as violências que a personagem sofre. “Eu acho um absurdo. Ninguém precisa passar por isso, porque ela foi inspirada em Júlia Pastrana e ela sofreu o que sofreu nesse abuso de clausura”, opina.
Na edição de 2024 do Festival, Jéssica apresentou o espetáculo “E.L.A”, que abordava as mudanças do corpo e era voltado, principalmente, para o público adolescente. Na montagem atual, a artista busca revisitar o passado sem sensacionalismo e derruba diversos mitos. Em relação ao futuro, Jéssica já tem perspectiva de novos trabalhos, e espera que a continuidade desta obra rode entre 2028 e 2029.