É impossível falar de Soul, R&B, Jazz, blues e outros estilos da black music sem ter como referência Ray Charles. Nascido em Albany, na Geórgia, o músico colecionou relações amorosas e controvérsias ao mesmo tempo que desfilava talento com o seu piano.
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Uma história belamente contada no espetáculo Ray – Você Não Me Conhece, que teve última sessão no Teatro Guaíra na noite de ontem (28) pela Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba.
Belamente porque o elenco é composto de atores e atrizes impecáveis que transitam por várias fases da vida de Ray: a criança, o jovem, o adulto e o já falecido músico, abordando essencialmente a relação com o filho Ray Júnior em sua visão sobre o pai. São Júniors e Rays no palco contando as fases da vida de ambos em questionamentos potentes, inclusive das diversas relações amorosas do músico.
Obviamente, um espetáculo que conta a vida de um nome desta grandeza teria que ter uma banda a altura. Backing vocals extremamente afinadas, um conjunto de metais de primeira, cantoras incríveis e claro… um pianista que Ray certamente chamaria para um dueto. Com um apanhado de gente tão boa, fica impossível não se arrepiar com clássicos como Georgia On My Mind e Hit the Road Jack, por exemplo. Esta última, inclusive, finalizando o primeiro ato em grande estilo.
Um adendo importante são os figurinos, recheados de paetês brilhantes que preenchiam o cenário de mobiliários sóbrios em formato de escada e que simulavam a casa e adjacências onde ele nasceu, perdeu a visão e cresceu.
O acerto de contas em questões nunca mencionadas entre pai e filho enquanto Ray era vivo, fica evidente em perguntas que transitam pelo “onde você estava” até pelo fato do músico preencher sua ausência com presentes caros, uma característica de pais ausentes, entretanto, Júnior expressa o seu amor pelo pai em cada vírgula.
Ray – Você não me Conhece, que tem dramaturgia e direção do consagrado Rodrigo Portella, é um passeio essencial pela vida e obra do artista.
