São 30 anos desde o lançamento de Jagged Little Pill, o aclamado álbum que deu à Alanis Morissette seis Grammys em 1996 e a tornou uma das cantoras mais importantes da década de 90. Não por menos, ela deu voz à diversas artistas que a partir daí, deram início ao movimento “girl power”. Até mesmo cantoras que não eram tão conhecidas do mainstream passaram a figurar nas rádios, como é o caso de Fiona Apple, Tori Amos e Jewell. Na sequência, grupos como as Spice Girls surgiram e dominaram as listas de mais ouvidos do mundo. Um marco importante para o rock e o pop que eram em muito dominado por homens.
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Jagged Little Pill foi um fenômeno e por isso mesmo, desde então, Alanis inclui boa parte das canções do disco em seus shows. Não pra menos, porque de All I Really Want até Wake Up, o compilado é uma aula de um rock cru cheio de letras confessionais que marcaram toda uma geração de mulheres. Quem viveu a década de 90 sabe o quão significativo foi isso.
Em único show fora do festival Lollapalooza, a cantora canadense deu na noite de ontem (31) na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, o que todo mundo esperava dela. Parte da World Tour 2025, do alto dos seus 51 anos e em sua sétima passagem pelo Brasil, Alanis empunhou sua gaita pontualmente às 19h30 e abriu o show com Hand in my Pocket e Right Through You, hits do Jagged Little Pill. Na sequência, encaixou Reasons I Drink, do último lançamento Such Pretty Forks in the Road de 2020 e o interlude A Man, do Under Rug Swept, disco de 2002.
Com sua habitual corrida de um lado para o outro e com uma potência vocal difícil de encontrar na geração Tik Tok – como no exemplo de Mary Jane em que dá a dimensão do talento dos seus timbres – Alanis relembra quem é e se apresenta aos fãs mais novos.
Diferente da turnê passada em que executou o Jagged Little Pill na íntegra, no show do Allianz Park, em 2023, ela fez questão de ressaltar outras fases da sua carreira mesmo que em momentos de interlude, como é o caso de Can’t Not, Would Not Come, Are u Still Mad, Sympathetic Character (Supposed Former Infatuation Junkie) e claro, a surpresa da noite, That I Would Be Good, também parte deste disco e que não costuma estar nos setlists de seus shows.
Lens, de Havoc and Bright Lights de 2012, Smiling do Such Pretty Forks in the Road (2020), I Remain, trilha do filme O Príncipe da Pérsia, Hands Clean e A Man do Under Rug Swept, (2002) Rest (2017) Everything do So-Called Chaos (2004) e Sorry to Myself do Feast on Scraps (2002) foram as outras canções não presentes no Jagged Little Pill e que fizeram parte do show. Um belo presente para os fãs e um cartão de visitas inesquecível para quem está conhecendo Alanis apenas agora.
Entretanto, os hits mais esperados como You Learn, Head Over Feet, Not The Doctor, All I Really Want e Ironic arrebataram o grande público presente na Pedreira. Nem mesmo a falha de som, que ocorreu no maior hit de todos, You Oughta Know, estragou o êxtase dos fãs que continuaram cantando a música mesmo sem som.
Para finalizar, o bis habitual de todos os shows: Uninvited (trilha de Cidade dos Anjos) e Thank U (Supposed Former Infatuation Junkie). Um verdadeiro ritual em uníssono, como se todos fizessem parte de um universo a parte. Emocionante,
Em tempos de charts, canções rápidas e fórmulas musicais chiclete, Alanis deu a prova de que sim, artistas talentosos sempre terão espaço e pessoas dispostas a ouvi-los. A vitalidade dela está aí, a toda prova, com energia e presença de palco impecáveis e uma potência vocal incomparável. Uma assinatura que nem todo cantor ou cantora é capaz de ter.