O cinema nacional acaba de dar um passo ousado e necessário. Nesta quinta-feira, 10 de abril, o premiado longa Capitão Astúcia, dirigido por Filipe Gontijo, foi lançado gratuitamente no YouTube. A estreia marca uma temporada exclusiva na maior plataforma de streaming do mundo, também a mais assistida no Brasil.
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O lançamento ocorre um mês após a exibição do filme na TV Globo DF e sua passagem por salas de cinema em 40 cidades brasileiras. Ao invés de seguir o caminho tradicional — com aluguel ou venda em plataformas pagas — o filme opta por uma distribuição aberta, gratuita e acessível.

A proposta é simples e potente: romper as barreiras econômicas e geográficas. Democratizar o acesso ao cinema nacional. Pela internet, o longa agora alcança quem nunca teve acesso às salas de exibição — ou sequer a serviços de streaming.
“Queremos que todo mundo tenha a chance de assistir ao Capitão Astúcia. É um filme acessível em sua essência. Além da audiodescrição, vamos disponibilizar uma versão com Libras. Não importa onde a pessoa mora ou quanto ela tem no bolso. O filme será gratuito até sua próxima reinvenção. Não queremos restringir essa história a quem pode pagar ou mora perto de uma sala. Queremos que todas as pessoas tenham a oportunidade de se ver na tela, rir, se emocionar, lembrar da própria família, ver ‘a cara’ do país no nosso herói. O cinema brasileiro precisa ser visto. E o público brasileiro merece ver o cinema feito para ele”, afirma Filipe Gontijo, diretor e sócio fundador da Papai Pequeno Filmes, produtora e distribuidora do filme.
Com exibições em 40 cidades, o longa já emocionou mais de 170 mil pessoas em sessões no cinema, na TV e em ações sociais. A produção soma 49 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o Troféu de Favorito do Público no Festival de Brasília.
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O lançamento gratuito no YouTube representa um marco na luta por um audiovisual mais inclusivo. Quem quiser poderá contribuir com qualquer valor. E quem não puder — ou não gostar do filme — não precisa pagar nada.
Capitão Astúcia: inclusão cultural

O Brasil produz filmes de alta qualidade, mas boa parte do público sequer os conhece. Em 2019, um único blockbuster ocupou mais de 80% das salas do país. Em contraste, mesmo premiado, Capitão Astúcia estreou em menos de 50 salas.
Com apenas 7% dos municípios brasileiros contando com cinemas, a internet se torna a principal porta de acesso à cultura. “Lançar o filme no YouTube é mais do que um gesto de generosidade. É um ato de resistência cultural. Uma forma de romper com as regras que favorecem Hollywood e colocar a história nas mãos do público. Cultura é direito, não privilégio”, reforça Gontijo.
Super-herói brasileiro

Na trama, Fernando Teixeira interpreta um idoso apaixonado por quadrinhos que decide, aos 80 anos, se tornar super-herói. Seu neto, vivido por Paulo Verlings, é um pianista frustrado que embarca nessa aventura inesperada. A jornada muda sua forma de ver a vida.
Capitão Astúcia fala sobre afeto familiar, envelhecimento e a importância de continuar sonhando, tudo com leveza e humor.
O elenco traz também a veterana Nívea Maria e Yudi Tamashiro como o vilão Akira Laser. Participam ainda os atores brasilienses André Amahro, André Deca, Cássia Gentile, Gleide Firmino, Alice Stefânia e os saudosos Andrade Júnior e Lauro Montana.