O casal de atores Fernanda Montenegro e Fernando Torres foi o convidado de honra da inauguração da atual sede da Cinemateca de Curitiba, em 22 de abril de 1998. Sentaram-se nas poltronas centrais, as preferidas de muitos cinéfilos, e riram com o filme Boleiros – Era uma vez o futebol, de Ugo Giorgetti, que teve a honra de reabrir a casa do cinema na capital do Paraná.
Os dois também estão no elenco do clássico Tudo Bem, de Arnaldo Jabor, que integra a programação especial de comemoração dos 50 anos da Cinemateca, na “Semana Duas Fernandas” (leia a programação completa abaixo).
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A seleção destaca as trajetórias de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres em exibições casadas com filmes de diretores paranaenses da chamada Geração Cinemateca e alguns dos filmes históricos do acervo da entidade, que chega ao jubileu de ouro tentando rejuvenescer.
Geração Cinemateca

A história da Cinemateca começa em 1975, no subsolo do Museu Guido Viaro, quando o gênio Valêncio Xavier em plena ditadura, criou um centro de debates e exibições em Curitiba. Trouxe filmografias impossíveis de ver na época, incentivou a produção local promovendo cursos com nomes importantes do cinema nacional e despertou vocações para a pesquisa e a preservação do cinema paranaense.
Numa época em que não havia nenhum curso de cinema na cidade, ele trouxe cineastas, fotógrafos, montadores, roteiristas e críticos que ministraram aulas e formaram toda uma geração de realizadores: a chamada Geração Cinemateca.
“Nesse meio século, nunca deixei de frequentar esse lugar que para mim sempre foi mágico. Estreei meus primeiros filmes nela em 1979, que foram exibidos lá em versão restaurada no início de março”, disse, em belo texto publicado em suas redes sociais, o cineasta e professor Fernando Severo, um dos expoentes da geração Cinemateca, que também inclui nomes como Berenice Mendes, Eduardo Escorel, Eloi Pires Ferreira, Geraldo Pioli, Nivaldo Lopes (Palito), Pedro Merege, Solange Stecz, entre outros.
Essa história virou um curta-metragem dirigido por Miriam Karam:
Após um hiato de mais de uma década, ela ressurgiu em 1998 como o último cinema de rua de Curitiba e um importante espaço de aprendizado e salvaguarda de acervo. Até cerca de 2015, permaneceu com esse status, até a abertura do Cine Passeio. Desde então, passou a se ocupar mais com cineclubes e mostras, além de ser espaço de lançamento para a produção local, perdendo a primazia de ser o principal cinema de rua e de arte de Curitiba.
Algo, no entanto, parece estar mudando.
Com a inclusão da Cinemateca no complexo exibidor dos cinemas públicos municipais e alguns investimentos recentes — como a compra de um novo projetor digital e som de alta definição —, o espaço mantém a exibição em película e se torna a única sala no Paraná com ambas as tecnologias. A

A nova tecnologia, por exemplo, vai permitir que a Cinemateca seja sede das próximas edições do Festival Olhar de Cinema.
“A proposta é preparar a Cinemateca para oferecer uma programação especial, flexível e que contemple tanto novas produções quanto o seu acervo histórico. O investimento também permite integrar a Cinemateca com mostras e festivais”, destacou Marino Galvão Júnior, presidente da Fundação Cultural de Curitiba.