Com informações da Agência Brasil
Na manhã desta quarta-feira (23), o Rio de Janeiro celebra oficialmente o título de Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco. A cerimônia de abertura ocorre no Teatro Carlos Gomes, com leituras de obras de autores brasileiros. Coincidentemente, a data também marca o Dia Nacional do Choro e o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais.
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O Rio é a primeira cidade da América Latina a receber essa distinção. A entrega oficial do título será feita pela prefeita de Estrasburgo, Jeanne Barseghian, ao prefeito Eduardo Paes. A capital francesa foi a detentora anterior do título.

Durante um ano, a cidade será palco de uma extensa agenda cultural voltada à leitura. A prefeitura destacou eventos como a Bienal do Livro, marcada para 13 a 22 de junho, e uma edição especial do Prêmio Jabuti, que acontecerá pela primeira vez no Rio.
A programação inclui atividades em bibliotecas municipais, exposições em museus, saraus, cafés literários, feiras, livrarias e intervenções culturais em terminais de transporte público. A Secretaria de Cultura do município anunciou que cerca de 50 mil pessoas serão beneficiadas por políticas de incentivo à leitura.
Entre os projetos previstos estão o Noite com Livros, o Book Parade Rio 2025, o Rio de Livros e a Academia Editorial Jr., todos voltados à ampliação do acesso ao livro e à formação de novos leitores.
Rio em verso e prosa
A data será comemorada também na Casa Firjan, em Botafogo, com o evento gratuito O Rio em verso e prosa. A programação inclui contações de histórias, apresentações teatrais, intervenções artístico-literárias e oficinas, todas voltadas à valorização da literatura como caminho para o conhecimento e a construção da identidade.
O evento terá ainda o lançamento do livro Falando sério sobre adolescência, de Thalita Rebouças e Renato Caminha, com sessão de autógrafos. No fim da tarde, uma mesa literária reunirá os autores Raphael Montes e Fabrício Carpinejar, ambos vencedores do Prêmio Jabuti.
Leitura em queda no Brasil
Apesar das comemorações, o momento também convida à reflexão sobre os desafios da leitura no país. A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2024, apontou uma queda de 6,7 milhões de leitores em relação à edição anterior.
Pela primeira vez, a proporção de não leitores superou a de leitores. Segundo o estudo, 53% das pessoas não leram nem parte de um livro nos três meses anteriores à coleta de dados. Apenas 27% afirmaram ter lido um livro inteiro nesse período.
A pesquisa foi realizada em 208 municípios. A maioria dos leitores é composta por mulheres (50,4%), com destaque para a faixa etária de 11 a 13 anos (81%). A Região Sul apresentou o maior índice de leitores (53%), seguida pelas regiões Norte (48%), Centro-Oeste (47%), Sudeste (46%) e Nordeste (43%).
Acesso e preço dos livros
Outro obstáculo à formação de leitores é o preço dos livros. Segundo o 9º Painel de Varejo de Livros no Brasil, elaborado pelo Snel, o preço médio do livro no país subiu 12,2%, alcançando R$ 51,48.
Dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL) reforçam esse cenário: apenas 16% da população com mais de 18 anos comprou ao menos um livro nos últimos 12 meses. O título de Capital Mundial do Livro surge, portanto, como uma chance para ampliar o acesso e valorizar a leitura no país.