Nana Caymmi, que morreu nesta quinta (1º), foi uma das maiores cantoras de seu tempo — e de qualquer tempo — no Brasil e no mundo. Pudera, Dinahir Tostes Caymmi era filha de Dorival e Stella, e quem sai aos seus não degenera. Era para ela dormir que o pai cantava:
É tão tarde, a manhã já vem
Todos dormem, a noite também
Só eu velo por você, meu bem
Dorme, anjo, o boi pega neném
Acalanto, aliás, foi a primeira gravação de Nana, em 1960, e ela foi a melhor intérprete da música do pai.
Famílias de artistas costumam ter sempre elos fracos, mas, nesta família de músicos, todos são da primeira divisão.
Mas, depois do pai, Nana, para mim, é a melhor. Fica ombro a ombro com as estrelas da sua geração, uma geração de cantoras porretas: Gal, Elis, Bethânia, Beth Carvalho.
E se diferencia de todas por uma dose especial de paixão que colocava em algumas interpretações, a ponto do ídolo Tarik de Souza a chamar de “Nina Simone brasileira”.
Nana pode ter feito algumas escolhas erradas, artisticas e pessoais, e talvez por isso não entre na lista das gigantes cantoras brasileiras, mas ele merece estar e está.
“Só louco” para não chorar ouvindo a sua interpretação da música-tema do filme Tati, a Garota, composta por seu irmão Dori em 1976:
Ah, se eu pudesse fazer
Você jamais crescer
Eu ia cuidar de você …
A morte de Nana foi confirmada por seu outro irmão, Danilo Caymmi. Nana estava internada na Clínica São José, em Botafogo, desde agosto do ano passado para tratar de uma arritmia cardíaca:
“O Brasil perde uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo, enfim.”
De luto, assinamos embaixo.