Quarenta anos após os concertos históricos que marcaram a música popular brasileira, Elomar volta aos palcos com uma nova edição da Cantoria. O projeto homenageia o antigo parceiro de estrada, Vital Farias — falecido em fevereiro deste ano —, além de relembrar momentos marcantes da série iniciada nos anos 1980.
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A nova turnê já tem duas datas confirmadas: 21 de novembro em Belo Horizonte (Teatro BeFly Minascentro) e 27 de dezembro em Vitória da Conquista (Centro de Convenções Divaldo Franco). A expectativa é que o espetáculo percorra diversas cidades brasileiras, com participações especiais de cantadores de todas as regiões do país.
“Elomar está convocando os cantadores para essa nova caminhada. Esta é mais que uma homenagem. É um gesto de reverência. É levar o legado de Vital adiante — para que novas vozes escutem, sintam e sigam cantando”, afirmou o próprio trovador baiano nas redes sociais.
A Cantoria original foi gravada ao vivo em janeiro de 1984 no Teatro Castro Alves, em Salvador. Reuniu os talentos de Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai, com produção de Mário de Aratanha, da Kuarup Discos. Tornou-se o primeiro registro ao vivo em sistema digital no Brasil.
O disco Cantoria 1, com 13 faixas, tornou-se referência desde sua estreia. Trazia clássicos como Desafio do Auto da Catingueira, Novena, Sete Cantigas para Voar e a marcante Cantiga do Boi Incantado. O formato intimista — apenas voz e violão — deu ao projeto um caráter épico e poético, com elementos tanto da música erudita quanto da tradição popular.
A sequência, Cantoria 2 (1988), reuniu gravações feitas em Salvador e outras cidades. Músicas como Era Casa Era Jardim, Barcarola do São Francisco, Quadrada das Águas Perdidas e Estampas Eucalol reafirmaram o prestígio do grupo. O álbum se encerra com a comovente Cantiga de Amigo e a interpretação de Arrumação por Francisco Aafa.
Em 1995, Elomar lançou Cantoria 3 – Canto e Solo, com destaques como Seresta Sertaneza e Faviela. Em 2010, os quatro menestréis se reuniram novamente para um show memorável na Virada Cultural de São Paulo, diante de 40 mil pessoas na Praça Júlio Prestes.
A trajetória, no entanto, teve seus percalços. Em 2016, durante apresentação em Fortaleza, divergências ideológicas entre plateia e artistas causaram desconfortos. Ainda assim, o público encerrou o show em uníssono, cantando os clássicos que consolidaram a Cantoria como patrimônio da música brasileira. É hora de puxar a viola rasa e seguir pelo esse Brasil profundo.