Depois de quase sete anos fechado para reformas, o icônico Palácio Gustavo Capanema foi oficialmente reaberto nesta terça-feira (20/05), devolvendo ao Centro do Rio de Janeiro um dos maiores marcos da arquitetura modernista brasileira.
O edifício, tombado como patrimônio histórico, foi transformado em centro cultural e passa a funcionar com 60% de sua área dedicada à cultura e o restante como sede administrativa de instituições públicas.
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A solenidade de reinauguração teve participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e celebrou os 40 anos do Ministério da Cultura (MinC). O evento também marcou a entrega da Ordem do Mérito Cultural a mais de 100 personalidades e instituições, entre elas a atriz Fernanda Torres, numa demonstração do governo federal de valorização da cultura e a democracia.

Investimento e restauração histórica
O Capanema passou por um processo completo de restauração, que consumiu mais de R$ 80 milhões em recursos públicos. Inaugurado em 1945, o prédio tem grande relevância histórica, estética e simbólica. Projetado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, com consultoria de Le Corbusier e paisagismo de Burle Marx, o edifício foi um dos primeiros arranha-céus modernistas do mundo.

A reabertura devolve ao público o acesso a espaços antes interditados. Os murais de Candido Portinari e os painéis de Paulo Osir foram restaurados e estão novamente visíveis. O jardim suspenso no segundo andar também está aberto para visitação, assim como o térreo do edifício, agora livre para circulação como previa o projeto original.
No topo do prédio, um café panorâmico será inaugurado no 16º andar, com vista privilegiada para o Centro do Rio, o Aterro do Flamengo e o Pão de Açúcar.
Patrimônio vivo da cidade
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a proposta é que a população do Rio se aproprie do espaço, reconhecendo seu valor histórico e cultural. A ocupação será mista: 60% da área abrigará atividades culturais e exposições; os 40% restantes funcionarão como escritórios para órgãos como o Iphan, a Biblioteca Nacional, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Fundação Nacional de Artes (Funarte).

A restauração respeitou todos os aspectos originais do edifício. Mobiliários da década de 1940, como escrivaninhas, poltronas e luminárias, foram cuidadosamente restaurados com base em fotografias de época e reposicionados em seus locais originais.
Reversão do projeto de venda
Em 2021, o Palácio Gustavo Capanema chegou a ser incluído na lista de imóveis federais passíveis de alienação. No entanto, a mobilização de artistas, arquitetos, políticos e movimentos civis garantiu a permanência do prédio como bem público. A reinauguração, portanto, simboliza não apenas a preservação de um monumento histórico, mas também a vitória da mobilização social em defesa da cultura.

Com a reabertura, espera-se que o Capanema se torne um novo polo cultural do Centro do Rio, num momento em que a região volta a receber investimentos do poder público e da iniciativa privada. O espaço promete ser, mais uma vez, um símbolo de modernidade, cultura e participação cidadã.