Sebastião Salgado, o maior nome da fotografia brasileira e uma das referências mundiais da arte documental, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia desde a década de 1970. A causa da morte foram complicações decorrentes de uma malária contraída durante um de seus inúmeros projetos de campo na África, ainda nos anos 1990.
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Mineiro de Aymorés, nascido em 8 de fevereiro de 1944, Salgado iniciou sua trajetória como economista. Formou-se pela Universidade Federal do Espírito Santo, fez mestrado na FEA/USP e concluiu o doutorado em Paris em 1971. No entanto, sua vida mudou radicalmente dois anos depois, quando decidiu se dedicar à fotografia, ofício que descobriu por acaso ao usar a câmera de sua então namorada, a artista Lélia Wanick Salgado, com quem dividiu uma vida de projetos, ideias e causas.
Em mais de meio século de atividade, Salgado construiu uma carreira monumental. Seu olhar singular em preto e branco eternizou cenas de migração, pobreza, trabalho e resistência em diversos continentes. Com passagens por agências como Sygma, Gamma e Magnum Photos, fundou com Lélia a Amazonas Images, que geriu sua obra por décadas.
Foi homenageado em 2024 com os principais prêmios da fotografia mundial e, recentemente, anunciado como o segundo latino-americano a receber o prêmio Outstanding Contribution to Photography, concedido pela Sony World Photography Awards.
“Ao longo de 50 anos, Salgado construiu uma reputação internacional com suas notáveis composições em preto e branco”, afirmou a organização do prêmio. Seus projetos mais conhecidos — como Trabalhadores, Êxodos, Gênesis e Amazônia — são hoje considerados marcos da fotografia contemporânea e da denúncia humanitária.
Seu legado permanece não apenas em livros, exposições e filmes — como o documentário O Sal da Terra, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado — mas também na forma como inspirou gerações de fotógrafos e documentaristas a olharem o mundo com empatia, rigor e profundidade estética.
