O São João de Caruaru deu a largada, no último fim de semana, para a temporada de festas juninas pelo Brasil. Com sua combinação de tradição, gastronomia, forró e grandes shows, a cidade pernambucana mantém a posição de principal referência nacional da celebração. As festividades seguem na cidade até o fim de junho.
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Caruaru conserva elementos históricos das festas juninas brasileiras, misturando religiosidade, celebração da colheita, dança, música e culinária regional. Mesmo com as transformações, preserva o espírito popular e a identidade cultural nordestina. São mais de 1.400 atrações, entre artistas locais e grandes nomes nacionais, distribuídas em polos espalhados pela cidade. A festa de Caruaru está sendo transmitida pela EBC e pela Rádio Nacional.

Além das quadrilhas e apresentações de forró, o evento também oferece competições de grupos culturais, apresentações de repentistas, bandas de pife e a tradicional feira de artesanato e gastronomia, com pratos como pamonha, canjica, milho assado e carne de sol. A cidade também exibe um dos maiores circuitos de economia criativa ligados às festas populares.
Mas o São João não é uma festa única em seu formato. Como mostrou reportagem recente da Folha de S.Paulo, outras cidades do Nordeste diversificam as formas de celebrar. Campina Grande, na Paraíba, realiza 38 dias de festa, com sete polos e expectativa de 3 milhões de visitantes. A estrutura inclui camarotes, grandes palcos e espaços privados.
No Maranhão, o Bumba Meu Boi dita o ritmo dos festejos. Em São Luís, o Bumba Meu São João reúne mais de 400 grupos folclóricos entre 12 e 18 de junho. Além das danças típicas, como o cucuriá, o calendário inclui atrações de grande público como Wesley Safadão e Henrique & Juliano.
Já Maceió (AL), nos últimos anos, ampliou suas festividades, mesclando tradição e atrações de renome. Entre 21 e 29 de junho, a capital alagoana recebe nomes como Zé Ramalho, Pabllo Vittar, Luan Santana e Alceu Valença, mantendo também espaço para o coco de roda e as quadrilhas.
Em Natal (RN), a programação é gratuita, com incentivo a doações de alimentos, e a proposta de um “camarote solidário” trocado por latas de leite. A partir de 6 de junho, o polo Arena das Dunas recebe shows de Luan Santana e Calcinha Preta.

No Ceará, Fortaleza homenageia a personagem Cumade Chica, precursora dos festejos juninos na cidade, mantendo o caráter comunitário e gratuito. Em Santo Antônio de Jesus (BA), o São João começou em 29 de maio e mistura grandes shows com festivais de quadrilhas e o tradicional arrastão junino.
Apesar da diversidade, o debate sobre a descaracterização das festas cresce entre estudiosos. Para o pesquisador Climério de Oliveira, entrevistado pela Revista Continente, a expansão comercial e a espetacularização ameaçam o sentido comunitário do São João.“A festa virou vitrine de marcas e interesses políticos. O sentido comunitário, da colheita e da tradição musical, cede espaço à lógica de mercado. O público virou plateia passiva. Antes, todos participavam com música e dança. Agora, a festa está pronta e o povo apenas consome o que já foi programado.” Leia a íntegra da entrevista AQUI.