O turismo como ferramenta de valorização da cultura negra e combate ao racismo estrutural. Essa é a proposta do recém-lançado Guia do Afroturismo no Brasil – Roteiros e Experiências da Cultura Afro-Brasileira, apresentado nesta quinta (10) em Belém (PA), durante cerimônia na sede da Sudam, reunindo representantes do governo, da cultura e do turismo comunitário.

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Resultado de uma cooperação entre o Ministério do Turismo e a Unesco, a publicação apresenta 44 experiências afrocentradas selecionadas a partir de uma consulta nacional aberta a afroempreendedores, comunidades tradicionais e gestores públicos. As experiências estão divididas pelas cinco regiões do país e envolvem visitas a quilombos, terreiros, festivais, museus, vivências gastronômicas e circuitos urbanos.

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O guia é mais do que um catálogo de destinos. Ele nasce como um documento estratégico para pensar políticas públicas voltadas ao afroturismo e ao desenvolvimento sustentável de territórios historicamente marginalizados. As iniciativas apresentadas seguem critérios como estar no Mapa do Turismo Brasileiro, ter registro no Cadastur e serem lideradas por pessoas negras ou por comunidades tradicionais.

Rota da Liberdade na Bahia. Foto: Secon/GOV BA

Entre os destaques está a Rota Quilombos de Guimarães, no Maranhão, que percorre sete comunidades e oferece mergulhos culturais, gastronômicos e espirituais, como os biscoitos de tapioca do Cumum, reconhecidos nacionalmente. Na Bahia, experiências como o Rolê Afro, o Centro Comunitário Mãe Carmen, o Memorial Mãe Menininha do Gantois e o Quilombo do Kaonge compõem roteiros da herança africana na região do Recôncavo Baiano.

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Já em São Paulo, o guia apresenta circuitos históricos na capital e no interior, como a Rota da Liberdade e o Circuito Quilombola do Vale do Ribeira, além de experiências urbanas como o Festival de Gastronomia Preta, a Pequena África e a Caminhada São Paulo Negra. Em Goiás, o Sítio Histórico Kalunga oferece vivências na maior comunidade quilombola do país, com cachoeiras, festas tradicionais e agricultura ancestral.

Quilombo em Cachoeira, na Bahia. Foto; Tatiana Azeviche

A publicação também apresenta um conceito detalhado de afroturismo, construído a partir de consultas com guias, lideranças comunitárias e pesquisadores. O documento enfatiza que o afroturismo vai além do lazer: é uma prática pedagógica, antirracista e econômica, capaz de gerar renda, fortalecer identidades e ampliar a presença negra em cadeias produtivas como gastronomia, artesanato, eventos e produção cultural.

Território Kalunga em Goiás. Foto: reprodução

Segundo o guia, o afroturismo tem impacto direto sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente nos tópicos de crescimento econômico inclusivo (ODS 8) e redução das desigualdades (ODS 10). Ao promover vivências ligadas à história e à memória da população negra, a iniciativa busca também resgatar trajetórias apagadas e valorizar os saberes tradicionais das comunidades que construíram – e continuam construindo – a identidade brasileira.

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