Aos 96 anos, Nathalia Timberg volta aos palcos como protagonista de A Mulher da Van, peça dirigida por Ricardo Grasson, com estreia marcada para 4 de julho no Teatro Bravos, em São Paulo. Com tradução de Clara Carvalho e texto original do britânico Alan Bennett, a montagem brasileira marca o retorno da atriz aos palcos após cinco anos afastada.
+ Leia Também + Os 50 melhores álbuns de 2025 até agora
O espetáculo conta a história real de Mary Shepherd, uma senhora inglesa acumuladora que, na década de 1970, passou a viver dentro de uma van estacionada nas ruas de um subúrbio de Londres. Aos poucos, a convivência forçada entre ela e o dramaturgo Alan Bennett transforma-se numa relação de afeto, tolerância e cuidado inesperado. O encontro entre duas vidas tão distintas se desenvolve por meio de episódios marcados por compaixão, humor e estranheza, revelando reflexões sobre envelhecimento, abandono e os limites do convívio.
A Mulher da Van já foi adaptada para o cinema em 2015, com Maggie Smith no papel principal, e agora ganha versão brasileira com um elenco que reúne nomes como Caco Ciocler, Nilton Bicudo, Duda Mamberti, Roberto Arduin, Lilian Blanc, Noemi Marinho, Cléo De Páris e Lara Córdulla. A temporada segue até 3 de agosto, com sessões às sextas, sábados e domingos.
A montagem é resultado de um desejo antigo de Nathalia Timberg. Segundo Ricardo Grasson, a atriz guardava o texto há mais de 15 anos. “Ela me contou sobre essa vontade quando fazíamos juntos a peça 33 Variações, em 2016. Com a pandemia, ela ficou longe dos palcos por cinco anos e, então, me ligou dizendo que gostaria de finalmente retomar o projeto – possivelmente seu último trabalho”, comenta o diretor.
A peça também explora o contraste entre os cuidados dispensados a desconhecidos e a incapacidade de cuidar de familiares. “O autor relata que precisou internar a própria mãe idosa, embora tivesse uma boa relação com ela, por não ter condições de assisti-la. E, ao mesmo tempo, criou um vínculo profundo com Mary, que era uma estranha. Isso está no cerne da montagem”, explica Grasson.
Na concepção cênica, o diretor opta por não atualizar o texto para os tempos atuais. Em vez disso, propõe uma encenação influenciada pelo realismo fantástico. “Toda a parte plástica do espetáculo segue essa estética. Não é uma transposição direta para os dias de hoje, mas uma leitura que distorce a realidade, assim como acontece na vida cotidiana”, afirma.
Sobre o elenco, Grasson destaca a escolha de atores capazes de se transfigurar completamente em cena. “São intérpretes que compõem o personagem com voz, corpo, jeito de andar e de falar. Isso é raro. Reunimos um time poderoso”, diz.
A equipe criativa inclui Cesar Costa (cenografia), Cesar Pivetti (desenho de luz), LP Daniel (trilha sonora e desenho de som), Marichilene Artichevics (figurinos) e Simone Momo (visagismo). A produção é de Marco Griesi, da Palco 7 Produções. O espetáculo tem patrocínio da Algar e apoio cultural da Wickbold, por meio do ProAC ICMS da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
A montagem reforça os temas centrais do texto de Alan Bennett: os desafios da convivência entre diferentes gerações, a solidão dos idosos e a presença do etarismo nas relações sociais. Com a experiência e o carisma de Nathalia Timberg, A Mulher da Van transforma uma história real de marginalidade e invisibilidade em teatro sensível e atual.
A Mulher da Van
Onde: Teatro Bravos – Rua Coropé, 88 – Pinheiros, São Paulo
Quando: De 4 de julho a 3 de agosto de 2025
Sessões: Sextas, às 21h; sábados, às 17h e 21h; domingos, às 18h
Quanto: de R$ 60 (meia) no Mezanino a R$ 200 (inteira) na Plateia Premium