Dez anos após o lançamento do último disco de estúdio, os Racionais MCs anunciaram o retorno à cena com um álbum que vai ser composto por 36 faixas. O anúncio foi feito por Ice Blue, uma das cabeças dos Racionais, durante uma live transmitida do estúdio QUAD, em Nova York, onde o álbum está sendo finalizado.
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As 36 faixas fazem referência à idade do coletivo, composto por Mano Brown, Ice Blue, KL Jay e Edi Rock, e cada uma delas cruza o caminho do rap e da música brasileira com participações de suma importância, como Criolo, Seu Jorge, Ed Motta, Djonga, L7nnon, Hariel, MC IG, KayBlack, Kyan, Rincon Sapiência, Rael, Neguinho do Kaxeta, Yunk Vino, Big da Godoy e Falcão.
Até aí, tudo bem, fora o fato curioso de que o grupo não incluiu um nome feminino sequer para compor esta “celebração” do rap nacional neste lançamento. O caso chamou a atenção nas redes sociais, principalmente das inúmeras fãs do estilo. Mulheres rappers talentosas não faltam, mas o estúdio “macholândia” em Nova Iorque parece que não conhecia nenhuma.
Uma pena, pois a influência que os Racionais MC’s exercem no rap como na música brasileira é inegável. Entretanto, o coletivo parece não estar muito atento às novas tendências sociais de gênero e, principalmente, ao que a cena apresenta todo ano: MINAS poderosas e cheias de talento. Parece que não estavam na agenda do estúdio “macholândia” em Nova Iorque, mas eles certamente conhecem algumas delas, como estas aqui:
Tasha & Tracie

As gêmeas que despontaram no cenário nacional unem rap com funk em temas diversos ligados à cultura negra e vivência periférica. Elas já participaram dos discos de Ludmilla, Djonga e Glória Groove.
Karol Conká

Ela é um dos nomes mais importantes da cena nacional, e isso nem precisa ser provado. Uma artista como Karol ficar de fora de uma contribuição dessa estirpe é um verdadeiro crime.
Ajuliacosta

Ela simplesmente acabou de vencer o Best New International Act na edição 2025 do BET Awards, uma das premiações mais respeitadas que celebram artistas afro-americanos. E começou cedo: aos 12 anos, já escrevia as primeiras rimas e participava das batalhas de rap.
Ebony

Ela é um fenômeno e teve seu disco, Terapia, escolhido pela Associação Paulista de Críticos de Arte como um dos 50 melhores álbuns nacionais de 2023. É pouco ou quer mais?
Mano Brown e companhia tinham esses nomes — além de muitos outros — para chamar, não é não?