O documentário Tijolo por Tijolo, dirigido por Victória Álvares e Quentin Delaroche, traz às telas a trajetória de Cris Martins, moradora do Ibura, periferia do Recife. A produção acompanha sua luta por moradia digna, autonomia reprodutiva e sobrevivência durante a pandemia de COVID-19, transformando sua história em uma narrativa potente de resistência e afeto.
+ Leia Também + Quando medeia cai no Carimbó
No início da pandemia, após ela e o marido perderem seus empregos formais, Cris descobre sua quarta gravidez e que sua casa corre sério risco de desabamento. Preocupada com o futuro da família, ela se reinventa como influenciadora digital, passando a compartilhar nas redes sociais o cotidiano da maternidade, além de dicas práticas e ações voltadas ao empoderamento feminino.
Ao mesmo tempo, seu marido começa, por conta própria, a ampliar a casa onde vivem, aprendendo técnicas de construção por meio de tutoriais no YouTube. Além da busca por moradia e sustento, Cris trava uma batalha pelo direito à laqueadura, procedimento de esterilização voluntária e definitiva.
“Tijolo por Tijolo vai além de um registro documental. É uma manifestação sobre dignidade, maternidade e direito à moradia — uma história que ecoa as vozes de tantas outras ‘Cris’ espalhadas pelo Brasil. Apostamos no cinema como ferramenta de autoconhecimento, reflexão e transformação”, afirmam os diretores, que também assinam roteiro e produção.
A filmagem teve início após a liberação da vacina contra a COVID-19, possibilitando acompanhar de forma próxima a rotina da família. O longa revela intimidades, cumplicidades e uma profunda troca afetiva entre os realizadores e seus personagens.
“O processo de filmagem resultou em uma troca humana, com o objetivo de debater desigualdades por meio do retrato íntimo da mulher periférica brasileira”, completam os cineastas, que também propõem reflexões sobre racismo ambiental e desigualdade sistêmica.
O resultado é um filme delicado e pulsante, que acompanha — e celebra — o processo de reconstrução de Cris “tijolo por tijolo”, enquanto ela equilibra suas funções de mãe, esposa, trabalhadora informal e influenciadora digital.
