Pela primeira vez no Brasil, o cantor angolano 3 Finer — um dos nomes mais importantes e populares da cena kizomba na atualidade — será a atração internacional da festa +244 – Festa Cultural Africana, que acontece em Curitiba no dia 23 de agosto, sábado, das 14h às 23h. O evento será realizado na Soma Galeria, no bairro Batel, com uma programação que une música, dança, gastronomia e celebração da cultura afro-lusófona.
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A primeira edição do evento é um projeto da Kissua Entretenimento à cena produtora com sede em Curitiba que tem como proposta a integração entre as diásporas africanas e o público brasileiro. Serão nove horas de festa com shows, discotecagem e pratos típicos.

No palco, além de 3 Finer, estarão artistas africanos que vivem em Curitiba e brasileiros que compartilham influências negras e periféricas. Entre as atrações estão Mulla Manuel, Abi Visu & Malzen, Nel G Quiss & Karyna Guedes, e Silvio e Tatiana Javala. Nas pickups, Deejay Pacatto, angolano com passagens por Santa Catarina e Ceará, comanda os sets de kizomba, amapiano e afrobeats.
“Comecei cantando no quintal e hoje tô vindo pro Brasil”, diz Finer em entrevista ao Fringe. Dono do hit “Gucci” – com quase 10 milhões de visualizações no YouTube – e conhecido por sucessos como “Dira”, “Abacate” e “1001 Motivo”, o cantor vê a chegada ao Brasil como um momento de virada na carreira, após deixar o projeto do selo XB Label que o lançou e iniciar uma carreira solo como produtor do próprio material. “Agora é hora de voar mais alto! Quero crescer, fazer os meus crescerem, e colocar o Brasil na rota”, afirma.
Curioso e afetivo em relação ao país, Finer confessa que acompanha a cultura brasileira com atenção. “Cresci ouvindo Lucas Lucco, Gil, Alcione, Ludmilla, Iza, Kawe, Anitta, Luan Santana… até o Jornal Nacional eu acompanho!”, brinca. Sobre a sonoridade do seu trabalho, ele diz que a kizomba é só o ponto de partida: “Meu coração é tipo playlist aleatória: toca de tudo!”
Além da música, a +244 será também um espaço para degustar pratos típicos africanos como magoga, pincho e batata frita, que estarão incluídos no valor do ingresso. A curadoria da festa aposta na troca cultural como instrumento de afeto e aproximação.

Leia abaixo a entrevista completa com o cantor 3 Finer:

Você é uma daquelas pessoas para quem a arte e a música deram uma chance de criar um futuro. Como foi a sua trajetória até aqui?
Comecei com pouco e muita vontade… tipo quem começa cantando no quintal e acaba no palco!
A música foi meu refúgio, meu escape, e hoje é meu mundo. Já cantei em tudo que é lugar: festa, rua, sala dos amigos… Devagarzinho fui conquistando espaço. Hoje, olho pra trás e vejo que a arte me deu tudo: minha voz, meu propósito e um futuro cheio de sonhos.
É a sua primeira vez no Brasil? Como surgiu esse contato e o que você espera encontrar aqui, considerando a história complexa entre Brasil e Angola?
Sim, é a minha primeira vez no Brasil e tô mais animado, principalmente para reencontrar o meu amigo Kawe, com quem tenho uma música juntos. O convite veio de uma amiga muito especial, Amanda Kissua, junto com a organização Kissua, que abriram esse caminho pra mim aqui em Curitiba.
Sei que Brasil e Angola têm uma história intensa, com dor, mas também com muita conexão. Quero viver esse encontro com muito respeito, música boa, abraços sinceros e trocas de amor e carinho. Já tô me sentindo em Curitiba e em casa!
Você tem influências da música e da cultura brasileira em geral. Quais são suas referências daqui e de que forma elas influenciam o seu trabalho?
Tenho muuuita influência do Brasil! Cresci ouvindo de tudo: Lucas Lucco, Gil, Alcione, Ludmilla, Iza, Kawe, Anitta, Luan Santana, Paula Fernandes, Leonardo, Ivete Sangalo, Kell Smith… Matuê, Teto, Wiu, Cabelinho e outros que não citei estão na minha playlist! Eu acompanho até o Jornal Nacional, tá? Eu sou desses!
A música brasileira tem alma, tem sentimento, e isso me inspira a cantar com verdade, com o coração aberto, sem medo de sentir… e de dançar também, né?
Seu nome é muito associado à kizomba, mas sei que tanto o seu trabalho quanto a cena musical angolana são muito diversos, e que os artistas aí não costumam se prender a um único rótulo.
A kizomba tá no meu sangue, mas meu coração é tipo playlist aleatória: toca de tudo!
Em Angola somos musicais por natureza: tem semba, kuduro, rap, afrohouse, afrobeat, R&B…
Eu gosto de liberdade, de experimentar, de seguir o que a alma manda. E no final das contas, tudo vira música.
Sua carreira está em um momento de mudança. Quais são os planos de 3 Finer neste novo ciclo?
Agora é hora de voar mais alto! Quero crescer e fazer os meus crescerem, me desafiar, cantar pra mais gente, levar Angola pro mundo e trazer o mundo pra minha música.
Tem som novo a caminho, parcerias top vindo aí… e ó: se depender de mim, o Brasil vai entrar de vez na rota!
Tô pronto pra viver o novo, com amor, coragem e, claro… um microfone na mão e sorriso no rosto!
+244 – Festa Cultural Africana
Onde: Soma Galeria (R. Saldanha Marinho, 1230 – Batel, Curitiba)
Quando: 23 de agosto (sábado), das 14h às 23h
Quanto: R$ 80 (1º lote) – inclui pratos típicos. Bebidas à parte.
Ingressos: bit.ly/festa244