Por Gabriel Costa, especial para o Fringe
Cantora, compositora, atriz e produtora cultural, Verônica Melhem joga nas onze. Publicitária de formação e artista por vocação, a curitibana estreia neste sábado (2), no Sesc Paço da Liberdade, o espetáculo “O Jazz da VERO e os delírios de um camarim” — um projeto que marca um novo momento em sua carreira musical.
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A apresentação mistura música, performance e letras autorais em um formato híbrido entre show e teatro. No palco, VERO expõe as camadas que compõem sua trajetória artística, transformando o camarim em metáfora cênica de sua complexidade. Ainda que nascida em Curitiba, foi em Guarapuava, no interior do Paraná, que a artista descobriu a força da arte. Aos 11 anos, começou a cantar no coral da igreja — e nunca mais parou.
Desde cedo, a escrita esteve presente em sua vida. “Sempre compus, desde criança. Lembro que, assim que aprendi a escrever, já inventava letras e até escrevia livros”, conta. A escolha do curso de Publicidade e Propaganda veio dessa mesma pulsão criativa. Acreditando que se expressaria artisticamente na universidade, mudou-se para Curitiba com os sonhos nas malas.
A realidade, porém, foi bem diferente. Em vez de criar, Verônica se viu imersa em softwares de edição. Ainda assim, foi na vivência universitária que encontrou caminhos alternativos. Ao organizar eventos como a tradicional “Vinhada”, festa do curso de Comunicação da UFPR, ela descobriu o prazer da produção cultural. “Você entra achando que vai desenhar, mas tem que virar rato de Photoshop”, brinca.
A experiência na organização de eventos acabou moldando sua atuação artística. “Conheço muita gente nesse meio — desde fornecedores até pessoas que se interessam pelo projeto. Isso ajuda bastante. Ser publicitária me mantém nesse ritmo de produção. Estou sempre fazendo orçamentos, entrando em contato, produzindo — então só encaixo meu projeto de música nesse fluxo”, explica.
Durante a graduação, integrou o grupo de MPB da UFPR, sob direção de Léo Moita, onde desenvolveu sua performance cênica. Após a saída do diretor, fundou o Coro Cênico de Curitiba, grupo que circulou com espetáculos independentes pela cidade. Com o fim da faculdade, em 2019, passou a investir ainda mais na carreira artística.
Com o apoio do namorado e produtor musical Lucas Bin, suas letras ganharam vida. Nasceu VERO. O primeiro álbum, Contraponto, apostou em uma sonoridade experimental, com arranjos e interpretações que ampliam os limites da canção. O mais novo single, Pé Sujo, é, segundo ela, “a cara de Curitiba”.
A nova temporada do espetáculo é uma fusão das múltiplas facetas da artista. A direção musical é assinada por Lucas Bin e a direção cênica, por Léo Moita. As canções são fruto de anos de vivência, anotações e rabiscos transformados em música. “Na produção, uso um lado mais racional — de orçamentos, prazos, organização. Mas, na arte, eu gosto de ir além. Não quero repetir nada, nem mesmo o que já fiz. Gosto de experimentar”, afirma.
Mais do que um show, O Jazz da VERO e os delírios de um camarim é a própria VERO em cena.