Parece ter dado certo. Entre seu último disco, Tara & Tal, e até o próximo lançamento — que ela afirma já estar em processo de concepção — Duda Beat dá um gostinho a mais da essência eletrônica que vem explorando desde então no EP Esse Delírio, vol. 1, lançado no último dia 7 de agosto.

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Não é fácil, especialmente entre tantas referências atuais, produzir um trabalho, seja um álbum ou EP, essencialmente eletrônico e se manter nos charts em um cenário nacional que se divide entre pop e funk. Mas será que os charts, nesse quesito, fazem tanta diferença assim?

É claro que todo artista preza estar no topo, mas esse não parece ser exatamente o caso da pernambucana, que prefere e se esforça para manter sua fanbase feliz e fiel. Isso fica claro quando, recentemente, ela se pronunciou sobre a falta de criatividade que pode acometer um artista em um processo de composição.

“O processo do artista é bem solitário, eu escrevo todas as letras e melodias sozinha. Eu reclamei da falta de ócio criativo. O ócio é a nossa pedra mais preciosa. Sem isso, é difícil criar. Não estava reclamando da minha vida. Eu passo por angústias criativas, que todo artista passa, e quis dividir com as pessoas. A gente se sente inseguro se as pessoas vão gostar de um trabalho nosso. Somos seres humanos”, afirmou ao portal Léo Dias.

“Tento me blindar das críticas, mas sou ativa na internet. Tenho diminuído meu tempo de tela por conta das crises de ansiedade, que é algo que eu não tinha antes. Eu sempre fui muito calma. Isso atinge todos nós artistas, a gente quer que o nosso público esteja feliz. Mas eu também tenho que estar feliz”, completou.

Não precisa ir muito longe para confirmar a criatividade de Duda. Sua própria discografia é a melhor prova. Ela já transitou por estilos diversos — algo difícil de fazer — e conta ao lado com dois ótimos produtores que também compõem sua banda: Lux Ferreira e Tomás Tróia. Ambos se conectam com ela de forma singular e extremamente positiva para a construção sonora.

Esse Delírio carrega tudo isso em suas sete faixas. É como se fosse um apanhado de uma carreira inteira, com a maturidade de quem consegue fazer uma releitura do Boogarins (em Foi Mal), incluir a demo de Casa — mostrando como a canção foi construída inicialmente apenas com voz e violão até chegar à versão final —, contar com participações de Ajuliacosta e TZ da Coronel e ainda transformar o restante em uma pista de dança, herança da fase mais recente de sua carreira.

Duda Beat não precisa estar no topo dos charts para ser apreciada. Ela dá conta de ser uma artista excelente, com uma grande obra para ser desfrutada. E sim… aproveitem!

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Jornalista, DJ e especialista em música brasileira

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