A melhor notícia da semana foi o anúncio do lançamento e início da pré-venda do novo livro de Cristóvão Tezza, “Visita ao pai”. Aos 73 anos, Tezza lançou seu último romance, “Beatriz e o poeta”, em 2022. Este novo trabalho não se parece com nada publicado pelo autor anteriormente e – fora seu livro com uma coletânea de crônicas – é o primeiro do catarinense radicado em Curitiba que poderá ser encontrado na prateleira da não ficção nas livrarias.

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Segundo o texto de apresentação, “Visita ao pai” é uma “investigação franca do passado familiar, da política do país — e dos afetos que nos constituem”.

Para escrevê-lo, Tezza leu e interpretou os cadernos escritos pelo pai, João Batista Tezza, um imigrante italiano que primeiro foi militar, depois se tornou advogado e faleceu quando seu filho caçula Cristóvão tinha apenas 5 anos em um acidente de trânsito. Dois anos depois, ele, os irmãos e a mãe se mudaram para Curitiba.

O pai que quase não conheceu, porém, manteve o hábito de fazer anotações num caderno de capa dura, um processo que começou em fevereiro de 1931, quando entrou no Exército como soldado em Florianópolis, aos vinte anos, e durou até a semana em que morreu, em julho de 1959.

O filho que se tornou um escritor premiado sempre soube da existência dos cadernos do pai, mas nunca havia se interessado por eles até que, em 2021, durante a pandemia, decidiu finalmente lê-los.

E se surpreendeu. Notou que o pai transcrevia obsessiva e sistematicamente cartas, telegramas, bilhetes, o conteúdo de documentos como certidões e atestados, dedicatórias de livros e fotografias, e basicamente tudo o que lhe acontecia, com um estilo muito peculiar.

No livro, Tezza mistura narrativa factual a reflexões sobre a formação do pai e sua própria trajetória. Como cenário, dois momentos cruciais da vida social brasileira: um dominado pelo governo de Getúlio Vargas, o outro sob a ditadura militar.

Por aqui, já estamos contando as horas para conhecer a obra, pelo menos na forma mais ousada de Cristóvão Tezza, que tem o lançamento previsto para o dia 10 de setembro pela Companhia das Letras.

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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