Se você é cronicamente online ou assistiu ao show do Silva, no último fim de semana no Festival Vibrar, em Brasília, já deve estar por dentro da “treta” onde o artista critica publicamente Luisa Sonza, Serginho Groisman, Paula Lavigne, Virgínia Fonseca e agência Mynd.
Mas afinal, de onde viria tanta ira? A resposta pode ser um descontentamento com a indústria como um todo e não uma raiva atribuída exclusivamente a estes artistas. Mas por que? Para isso vamos considerar alguns pontos (vale lembrar que tudo escrito aqui são apenas suposições totalmente livres de verdades absolutas).
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Para quem não conhece: quem é Silva?
Inicialmente é importante saber quem é Silva. O cantor, compositor e multiinstrumentista capixaba lançou tanto seu primeiro EP, chamado 2012, quanto o primeiro álbum, Claridão, neste mesmo ano, ambos voltados ao indie pop.
Em 2014 veio seu segundo disco de estúdio, Vista Pro Mar, que foi eleito pela revista Rolling Stone o oitavo melhor álbum nacional daquele período. Nos anos seguintes, ele trouxe ao mundo outros singles e o álbum Júpiter (2015).
Entretanto, a partir de 2016, Silva mudou o foco do seu trabalho para a MPB e iniciou a turnê, o disco e o lançamento ao vivo Silva Canta Marisa, onde faz uma homenagem a um dos nomes mais importantes do estilo, Marisa Monte.
Na sequência vieram os trabalhos de inéditas Brasileiro (2018), Cinco (2020) e o mais recente Encantado (2024). Além disso, o cantor ainda saiu em turnê com o Bloco do Silva, que levou os maiores hits do carnaval em uma nova roupagem para shows ao redor do Brasil.
Ou seja, uma discografia vasta para quem iniciou a carreira no início dos anos 2010 e que rendeu ao artista uma base considerável de fãs.
A indústria da música
Não é segredo pra ninguém que exista uma indústria por trás da música. O sonho de todo artista independente é estar em um grande selo e ter apoio para gravar os discos em ótimos estúdios com produtores renomados.
Todavia, para isso acontecer, muito dinheiro é aplicado. E é claro que, nos dias de hoje, os charts são levados em consideração quando o assunto é o estilo musical. Pop, Funk e Sertanejo dominam o mercado nacional e acabam deixando milhares de artistas que não são desse ramo muito longe do sucesso.
O agro é pop
Se Luisa Sonza, que é pop, é patrocinada pelo agro, não sabemos. O que sabemos mesmo é que o dinheiro que vem do campo é sim aplicado em montantes exorbitantes, principalmente no sertanejo e suas vertentes.
Não à toa, a cada semana brotam duplas, cantores e cantoras que sequer havíamos ouvido falar no mês anterior. E isso, obviamente, não tem a ver apenas com talento. É indústria.
Serginho Groisman

Ele é um dos maiores apresentadores mais festejados da TV e costuma homenagear grandes nomes da música no Altas Horas. Para isso, chama outros artistas para cantar hits atemporais.
Já vimos Paula Toller cantar Rita Lee. Elba Ramalho soltar os pulmões com Chitãozinho & Xororó, entre outros. Silva já foi convidado para cantar Marisa Monte, o que soa um pouco esquisito o ataque a Serginho, já que o próprio artista gravou um álbum todo de covers dedicado à cantora.
De qualquer forma, o programa não deixa de alimentar, na maioria das vezes, o óbvio, ou seja: a indústria.
Mynd e Virgínia

Todo o mundo do entretenimento passa pela internet. A Mynd é uma das agências mais importantes em gestão de imagem de artistas e influenciadores e tem mercado aberto em qualquer segmento.
É claro que ser agenciado dessa forma fica muito mais fácil obter visibilidade, mas para isso é necessário dinheiro. Ou seja, indústria!
Já a posição de Virgínia, de acordo com Silva, é de uma mulher pobre que passou a ganhar muito dinheiro e a supostamente enganar seus seguidores com jogos de azar.
De fato, sendo verdade ou não, Virgínia assume um papel primordial na internet, talvez como uma das maiores influenciadoras do Brasil. E influenciadores nada mais são do que: indústria.
Paula Lavigne
E o papel de Paula Lavigne nisso tudo? A empresária de Caetano Veloso teria tanto poder sobre a música brasileira capaz de limar um artista da cena? É indústria?
Tudo junto e misturado na indústria
O “surto” de Silva, como um artista sem dinheiro do Agro e da Luisa Sonza, sem a visibilidade da Mynd e da Virgínia, sem o apoio de Paula Lavigne e sem o carinho de Serginho Groisman tende a acontecer de alguma forma.
E ele não está errado em querer seu espaço. Na verdade, até nos faz refletir sobre essa demanda enorme de dinheiro para estilos específicos.
Afinal, tudo é grana, din din, bufunfa, plata… no fim, tanto pra ele quanto para nós, tudo é indústria.