Em 2022, na 30ª edição do Festival de Curitiba, a Cia. Stavis Damaceno apresentou o espetáculo A Aforista, ainda em processo de pesquisa e criação. A dramaturgia de Marcos Damaceno, baseada na obra do escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-1989), resultou em um dos personagens mais marcantes da carreira — repleta de pontos altos — de Rosana Stavis.
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Para a atriz, a criação coletiva com o público do Festival foi fundamental para o sucesso nacional da peça. “Foi no Festival que a gente viu a potencialidade do espetáculo. O trabalho ainda não estava pronto, mas a gente mostrou já ao que vinha.”
O impacto foi tão grande que Rosana passou a ser reconhecida nas ruas e por colegas como a protagonista da montagem. “As pessoas me chamam na rua de A Aforista. Eu fui fazer um filme no Rio Grande do Sul e um ator me falou: você não é a Aforista? Hoje já digo que sou”, brinca.
Abrir o trabalho com o público do Festival foi natural para Rosana, devido à relação de intimidade e parceria antiga com o evento. Uma história que antecede a própria criação do Festival, em 1992, e que teve como inspiração um trabalho em que Rosana atuava.

“A criação do Festival foi inspirada pela peça New York, de Will Eisner, com direção de Edson Bueno, no Guairinha, pelo Teatro de Comédia do Paraná, baseada nos quadrinhos do Eisner em 1990. O Leandro e os amigos que criaram o Festival assistiram e pensaram: precisamos fazer um festival aqui em Curitiba. E está aí essa história linda até hoje que, graças aos deuses e às deusas do teatro, eu tenho participado de algumas edições.”
Desde então, Rosana esteve presente em grandes espetáculos enquanto o evento se transformava.

Em 1996, viveu uma experiência marcante com Lulu, uma Dupla Tragédia de Frank Wedekind, espetáculo de cinco horas que gerou polêmica na quinta edição do então Festival de Teatro de Curitiba.
“Muita gente falava: mas para que um espetáculo de cinco horas? Mas também tivemos feedbacks muito positivos, que nos colocavam no mesmo passo da vanguarda europeia daquela época.”
Já no século XXI, a peça Água Revolta marcou o primeiro trabalho junto com Damaceno e o início da construção da Cia. Stavis Damaceno, com seu companheiro Marcos Damaceno.
Outro encontro especial de Rosana Stavis no Festival de Curitiba foi com Mauricio Vogue no musical Ópera Atômica do “tangueiro trágico” Nico Nicolaiewsky “A estética dele era muito legal, tudo em preto e branco. Eu entrava em cena por quatro minutos, cantava uma ária e morria. Foi muito divertido.”

Desses encontros (mas não só deles) surgiu a banda Denorex 80, que levou ao palco versões espetaculares, teatrais e exageradas de ícones do pop dos anos 1980. A banda fez sucesso nacional e viveu seu ponto alto no show de abertura do Festival de Curitiba em 2022, o primeiro após as restrições da pandemia.
“Foi maravilhoso porque a gente fez esse show no gramado do MON. Uma celebração porque estávamos saindo desse período tão difícil. Até hoje muita gente fala: eu assisti o Denorex na abertura do Festival, foi muito legal.”

Rosana também participou da maratona da Cia Iliadahomero de Teatro em 2016, interpretando um dos cantos, além de estar presente no Fringe com Para o Vampiro – Variações nº 2, primeira peça no Teatro de Ensaios, espaço da Cia. Stavis Damaceno.
“Foi um espetáculo lindíssimo, aqui no nosso espaço. Chovia na janela, bem curitibano. A luz entrava pelas janelas, nesse cubículo em que o escritor escrevia, interpretado pelo grande amigo Samir El Halab. Ele ganhou um prêmio com esse trabalho”, lembra.
Em 2019, aconteceu a primeira mostra de repertório da companhia, com quatro espetáculos: Árvores Abatidas ou Para Luiz Mello, Artista de Fuga, O Homem ao Vento e Psicose 4.h48. “Foi uma loucura. Cada semana eu fazia um personagem, além da correria da produção e dos ensaios. Mas foi ótimo. Já está na hora de fazer de novo”, comenta.

No Festival de 2025, Rosana e a Cia. Stavis Damaceno viveram mais um destaque com Nebuklosa de Baco, que circulou por capitais brasileiras com grande sucesso.Depois de tantos momentos, a atriz afirma ter orgulho em ser “arroz de fest”, frequentadora dos palcos e plateias do evento.
“Deu uma visibilidade muito grande para a companhia desde o início. Além do fato de poder assistir espetáculos de outros lugares do país e do exterior. Isso coloca Curitiba nesse lugar do mundo, no centro do que está sendo feito no Brasil e fora dele. Para mim é muito importante, muito importante mesmo.”
