O ano era 1965, o segundo da ditadura militar. A jovem Maria Bethânia tinha apenas 18 anos e subia ao palco pela primeira vez para entoar sua voz marcante e cheia de personalidade. De lá para cá, a artista, que é um dos alicerces da música brasileira, construiu uma carreira sólida de quase 60 registros entre discos de estúdio, ao vivo e participações.
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Mas como “calcular” Bethânia? Talvez essa seja uma das tarefas mais árduas a serem feitas, afinal, ela não é uma artista que se expõe ao ponto de ter sua vida exposta. Então, neste caso, calculemos sua obra, imprescindível para a história da música brasileira.
Homônimo (1965)
A versão do disco de estreia da cantora ainda era em formato mono, o que não deixou de trazer qualidade para a voz de timbre forte. É nesse álbum que temos a incrível parceria dela com Gal Costa em Sol Negro. Entre as 12 faixas ainda se encontram Gloria in Excelsis (Missa Agrária) / Carcará. Uma obra-prima! O disco é um cartão de visitas que trazia toda a essência de quem era Bethânia.
Pássaro Proibido (1976)
Como uma boa filha de Iansã, nada mais justo do que incluir atabaques já na abertura do álbum e, claro, fazer uma belíssima alusão ao candomblé. As Ayabas inicia como uma espécie de “ritual” para o que vem na sequência. E a sequência é poderosíssima com Mãe Maria, Balada do Lado Sem Luz, A Bahia te Espera, Festa, entre outras. Dá pra dizer que Pássaro Proibido está entre um dos discos essenciais da música brasileira.
Álibi (1978)
A década de 70 para Maria Bethânia parece ter sido um baú abarrotado das pedrarias mais lindas e brilhantes, tamanha a inspiração para compor álbuns fundamentais para a sua carreira. Álibi faz parte deles. E afinal, onde mais se encaixariam Sonho Meu, Cálice e Não dá Mais para Segurar se não fosse no contexto deste disco?
Mel (1979)
Mas o baú de pedrarias ainda aguardava mais um tesouro precioso: Mel, que nos deu Cheiro de Amor, Loucura, Grito de Alerta e Infinito Desejo. Um encerramento maravilhoso para a década.
Ciclo (1983)
O nome do álbum faz jus ao que a artista planejava propor na época. Um novo ciclo musical, embora suas raízes ainda estivessem ali, presentes. Aqui, ela se valeu de uma suavidade sonora intrigante, como em Motriz, Vinho e Lua.
Memória da Pele (1989)
Foi aqui que Bethânia revelou um dos seus maiores hits. É certo que, mesmo que você não conheça seu trabalho profundamente, vai saber cantar pelo menos algum trecho de Reconvexo. Mas não se engane: Memória da Pele ainda guarda pérolas como Tenha Calma, a faixa-título e Vingança.
As Canções que Você Fez pra Mim (1993)
Um álbum dedicado a Roberto e Erasmo Carlos. Só por isso, já dá para saber que as interpretações da artista para Olha, Fera Ferida, Detalhes, entre outras, são finíssimas.
Brasileirinho (2003)
O nome do disco é exatamente o que é proposto nas 12 faixas. Uma mistura brasileira com candomblé, samba e a essência da mais pura raiz brasileira.
Meus Quintais (2014)
Uma das principais obras da cantora no milênio, traz faixas imprescindíveis como Xavante, Candeeiro Velho e a versão inédita de Dindi, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira.
Turnê 60 anos
Maria Bethânia leva toda sua história nesses 60 anos de carreira para 3 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Ingressos ainda disponíveis.