Nesta quinta-feira (25/9), a Casa de Cultura Josué Montello (CCJM) abre para o lançamento da edição comemorativa de 50 anos do romance “Os Tambores de São Luís”, obra-prima do escritor Josué Montello, que dá nome ao espaço.
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A programação da noite no auditório Viriato Corrêa, inclui a apresentação de “O Encontro”, produção textual do escritor José Neres interpretada pela atriz Linda Barros, seguida pela performance do Tambor de Mina do terreiro de Iemanjá.
A força do romance
Para a diretora da Casa de Cultura, Joseane Souza, a nova edição reafirma a atualidade do romance:
“Celebrar a reedição de Os Tambores de São Luís, cinquenta anos após sua publicação, reafirma a atualidade do romance de Josué Montello. Por ser uma obra muito procurada pelo público e esgotada desde 2019, essa edição supre uma lacuna importante, com a qualidade gráfica que o escritor e o leitor merecem.”
Os Tambores de São Luís
O romance “Os Tambores de São Luís”, publicado em 1975 por Josué Montello, é um épico da literatura brasileira. Com quase 500 páginas e mais de 400 personagens, a obra entrelaça ficção e história, recriando a São Luís do Maranhão no século XIX, em meio ao declínio da escravidão e à luta pela liberdade.
A narrativa acompanha Damião, um octogenário que percorre a cidade para conhecer o trineto recém-nascido. Durante o trajeto, recorda sua trajetória, da infância no quilombo às experiências como escravizado, os castigos sofridos, a separação familiar e a vida na capital maranhense.
Em flashbacks, revisita amizades, amores e lutas, até se tornar abolicionista engajado, testemunhando a promulgação da Lei Áurea.
Montello constrói um painel humano e social marcado por tensões históricas. No enredo, surgem personagens reais como a Baronesa de Grajaú, conhecida pela crueldade contra cativos, o poeta Gonçalves Dias, o escritor Viriato Corrêa, além da própria Princesa Isabel. A narrativa detalha casarões coloniais, ruas estreitas e terreiros, oferecendo um verdadeiro passeio pela São Luís oitocentista, em sua dimensão política, cultural e econômica.
O título remete ao som constante dos tambores da Casa das Minas, que acompanham o protagonista ao longo da vida. Esses tambores simbolizam tanto a resistência cultural afro-brasileira quanto a força espiritual que sustenta Damião em sua jornada. Ao final, a circularidade da história liga passado e presente, em um desfecho que reafirma a memória coletiva.
O maranhense Josué Montello (1917–2006) foi um escritor prolífico. Publicou romances, ensaios, peças e crônicas. Dirigiu a Biblioteca Nacional, o Museu da República e o Museu Histórico Nacional, além de ocupar por décadas a Academia Brasileira de Letras. Autodidata, consagrou-se como voz literária e memorialista, deixando legado fundamental para a cultura brasileira.
Os Tambores de São Luís é sua obra-prima. Ao fundir memória, ficção e história, o romance projeta as dores da escravidão e a resistência negra como elementos centrais da identidade nacional
Ações ao longo do ano
A celebração dos 50 anos do romance vem mobilizando diversas iniciativas da CCJM ao longo de 2025. Em abril, foi lançada a adaptação da obra para os quadrinhos, roteirizada por Iramir Araújo e ilustrada por Rom Freire e Romildo Freire, acompanhada de exposição dedicada ao livro.
Em agosto, a XIV Semana Montelliana trouxe a pré-venda da edição comemorativa e o lançamento do livreto “A Saga de Damião”, adaptação teatral escrita por Martha Brasil, apresentada ao público com a performance do Boi D’Itapari.
No mesmo mês, ocorreu a exposição “Josué Montello e os Tambores de São Luís: 50 anos de memória literária”. A Academia Maranhense de Letras também lançou o Prêmio Literário Melhores Obras 2025, incluindo o Prêmio Josué Montello para melhor romance.
O quê: Lançamento da edição de 50 anos do romance “Os Tambores de São Luís”
Quando: Quinta-feira (25/9), às 18h
Onde: Auditório Viriato Corrêa – Casa de Cultura Josué Montello
Quanto: Gratuito