Quando lançou A Sétima Efervescência, em dezembro de 1997, Júpiter Maçã já era a grande figura da cena roqueira gaúcha. Ex-integrante das bandas TNT e Os Cascavelletes, Flávio Basso já havia consolidado a identidade de seu pseudônimo como um dos artistas mais originais da música brasileira.

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Antes, porém, ele até ensaiou um caminho folk, ao estilo Bob Dylan, sob o nome Woody Apple, mas a partir de 1995 mergulhou de cabeça na fase elétrica e psicodélica.

Como rede de proteção, começou a ensaiar com os irmãos Emerson e Glauco Caruso, recém-chegados de Rio Grande. Três malucos brilhantes que passaram a ensaiar as canções da grande pedrada do rock nacional nos anos 1990.

Em entrevista ao Fringe, Giovanni Caruso, irmão mais novo e compositor e fundador da banda Escambau, relembrou como os irmãos entraram no círculo de Júpiter nos anos 1990:

“Nós somos de Rio Grande, no litoral gaúcho. No meio dos anos 1990, meus irmãos foram tentar a sorte em Porto Alegre. A banda não resistiu às dificuldades da mudança, mas eles não quiseram voltar para o interior. Flávio se apaixonou por eles e os convidou para esse novo trabalho, que viraria Júpiter Maçã & As Múmias. Eles chegaram a morar juntos em 1995 e 1996, numa casa no bairro Ipiranga, e ali a mágica aconteceu.”

Glauco vive há anos em Londres, com projetos como o Alt Moderns, enquanto Emerson se firmou como um dos grandes nomes da guitarra blues no Brasil. Mas neste sábado, no Jokers Pub, em Curitiba (veja serviço abaixo), os dois se unem a Giovanni que faz o papel de seu grande ídolo brasileiro para apresentar o disco na íntegra: faixa por faixa, nota por nota.

“Esse álbum foi motor de uma onda sessentista no underground brasileiro no fim dos anos 90”, explica Giovanni. “Flávio Basso influenciou não apenas a música, mas também estilo de vida e moda.”

A Sétima Efervescência foi gravado em madrugadas alucinantes no estúdio ACIT, em Porto Alegre, com produção de Egisto Dal Santo.

Entre arranjos sofisticados de Marcelo Birck e participações especiais como Frank Jorge, o álbum feito por Basso e dois irmãos Caruso é 100% ousadia experimental, expressa em faixas como “Pictures and Paintings” e “The Freaking Alice (Hippie Undergroove)”.

A atmosfera vintage foi recriada com gravações analógicas que consumiram mais de 200 horas de estúdio.

Clássicos como “Miss Lexotan 6 mg Garota” e “Um Lugar do Caralho” rapidamente ganharam projeção, transformando A Sétima Efervescência em referência imediata de um tempo na cultura roqueira nacional.

A crítica não tardou a reconhecer sua importância. Em 2007, a Rolling Stone Brasil listou o disco entre os 100 maiores da música brasileira.

A revista Aplauso o elegeu o maior álbum de rock gaúcho, posição reafirmada em 2022 no livro 100 Grandes Álbuns do Rock Gaúcho, de Cristiano Bastos.

Relançado em vinil duplo pela Monstro Discos, o trabalho mantém sua aura cult. E hoje, a noite de Curitiba oferece ao público a chance de reviver esta obra-prima pelas mãos de dois de seus três artífices.

A Sétima Efervescência – ao vivo

Onde: Jokers Pub, Curitiba
Quando: [inserir data]27 de setembro as 22h 
Quanto: ingressos  partir de R$35 AQUI

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Sandro Moser é jornalista e escritor.

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