Entre as fronteiras do estado do Pará, abraçando a cultura rica do norte do Brasil, existe o Carimbó, uma manifestação cultural com origens no século XVII e fruto da fusão das culturas indígena, africana e ibérica e que carrega o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Um estilo pautado por cores, danças e ritmos que imprime uma identidade regional aplaudida no estado, mas que ainda engatinha no restante do país.

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Dentro desta manifestação tão única existe Pinduca, considerado o Rei do Carimbó e uma verdadeira personificação do estilo. Uma figura que exibe nas cores dos seus trajes e no seu chapéu, a essência de origem musical que o levou até onde está hoje e a, inclusive,  ser indicado no Grammy Latino de 2017 na categoria de “Melhor Álbum de Música de Raízes Brasileiras”.  

Entretanto, ainda é extremamente comum que Pinduca fique “preso” entre as fronteiras nortistas sem conseguir alcançar o sucesso merecido, embora seja considerado o Rei do Carimbó. Isso talvez se deva – ainda – a um certo tipo de preconceito que assola os ouvidos de uma parcela da mídia brasileira e também da população. Ou até mesmo, a insistência em estilos enfiados goela abaixo influenciados pelo “marketing do dinheiro”. 

Pinduca fez show ontem na Praça Osório, em Curitiba. Foto: Judy Anverce

Motivos para Pinduca ser reconhecido nacionalmente

Além de todos os pontos citados acima, devemos também contemplar  a mistura de ritmos que ele, aos 88 anos,  se propõe a fazer. Na verdade, acaba sendo também uma troca rica e significativa com outros grandes nomes do Carimbó, como Mestre Verequete e Mestre Lucindo, ambos apresentando outras vertentes como o Carimbó Tradicional e o Carimbó Salgado, respectivamente. Ou seja, Pinduca extraiu dessas parcerias rítmicas e melódicas a essência para criar sua própria narrativa sonora. Só por isso já sabemos de onde vem o título de “Rei do Carimbó” e porque ele é tão festejado entre seu público.

O Michael Jackson do Carimbó

Uma indumentária única onde cada peça de roupa e/ou acessório parece contar uma história. Uma verdadeira fusão latino-caribenha com muitas cores e um chapéu estilo sombreiro ajudam a alçar Pinduca ao universo pop do Carimbó. Uma espécie de ídolo máximo que atinge as diversas parcelas econômicas e sociais paraenses e que representa toda uma cultura. 

Assim ele nos mostra, assim é festejado e assim deveria ser reconhecido pelo resto do Brasil: uma figura incontestável de uma região cheia de costumes incríveis.

O Show (em Curitiba)

Em uma apresentação na noite de ontem (5) no Primeiro Círio de Nazaré em Curitiba, Pinduca subiu ao palco com sua banda muito bem afinada para trazer tudo isso a um público conterrâneo, que mora na capital paranaense, mas também para os próprios curitibanos. E foi um belo cartão de visitas para quem ainda não conhecia a originalidade do artista e muito menos o som vindo do Pará.

Quem estava ali, na Praça Osório, entrou na roda em uma noite quente – absolutamente fora do normal para os padrões curitibanos – e pôde ter o privilégio de ter o Rei do Carimbó, na Praça e de graça. 

Primeiro Círio de Nazaré em Curitiba

A maior festa religiosa do Brasil, que acontece em outubro, em Belém, agora também tem sua versão paranaense. 

O grande número de migrantes vindos de várias partes do norte do Brasil foi um dos motivos que incentivaram o Círio fora do Pará. 

Curitiba teve sua primeira festa do Círio de Nazaré. Foto: Judy Anverce

O evento contou com uma procissão com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, saindo da Praça José Borges de Macedo (atrás do Sesc Paço da Liberdade) em direção à Praça Osório.

Logo após, a festa continuou no mesmo local com diversas atrações como o Grupo Filhos do Pará, Gabriel Xavier e Grupo Maré Cheia, História do Círio de Nazaré com Carlos Dietschman DJ Kevysson, Garibaldis e Sacis, entre outros. 

 

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Jornalista, DJ e especialista em música brasileira

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