O escritor húngaro László Krasznahorkai foi anunciado nesta quinta-feira (9) como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025, concedido pela Academia Sueca. Havia expectativa que os autores brasileiros Milton Hatoum e Adélia Prado estavam no páreo, mas ainda não foi desta vez que a literatura brasileira foi contemplada com o maior prêmio literário.
Considerado um dos maiores estilistas da literatura europeia contemporânea, Krasznahorkai é autor de obras como Melancolia da Resistência (1989), Guerra e Guerra (1999) e Seibo, sobre o mar (2013). Sua escrita é conhecida pelas frases longas, estrutura labiríntica e reflexão profunda sobre a decadência, a ruína e a espiritualidade.
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Aos 71 anos, o autor se torna o primeiro escritor húngaro a receber o Nobel desde Imre Kertész, premiado em 2002. A vitória consolida uma trajetória marcada pela tradução literária e pela colaboração com o cinema: Krasznahorkai é parceiro de longa data do diretor Béla Tarr, com quem adaptou seus romances em filmes como Satantango e O Cavalo de Turim, considerados obras-primas do cinema europeu.
O autor já havia conquistado o Man Booker International Prize em 2015 e o Austrian State Prize for European Literature em 2021. Traduzido em mais de 20 idiomas, sua obra tornou-se referência para escritores contemporâneos interessados em linguagem como forma de resistência e transcendência.
A literatura como vertigem
A prosa de Krasznahorkai é descrita como uma corrente contínua de pensamento. Em seus livros, o apocalipse surge não como evento futuro, mas como estado permanente do mundo moderno. Ele escreveu sobre cidades em colapso, comunidades à beira da dissolução e personagens que enfrentam o absurdo com um olhar quase místico.
Com esta escolha, a Academia Sueca volta a premiar uma literatura de fôlego filosófico, num momento em que o romance de ideias parecia perder espaço para a ficção mais breve e confessional.