Se há algo que o formato do Tiny Desk permite é a ousadia, e o Metá Metá faz isso com maestria. O grupo, formado por Juçara Marçal (voz), Kiko Dinucci (guitarra e violão) e Thiago França (saxofone), já é conhecido por fundir rock, jazz e música afro-brasileira.
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Desta vez, contou com Negro Léo, artista que acumula parcerias com Tulipa Ruiz, Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, e Ava Rocha.
“O Negro Léo tem tudo a ver com o nosso jeito de tocar, o mesmo despojamento”, comentou Juçara Marçal durante a gravação.
A afinidade foi imediata. O quarteto construiu uma sonoridade única, que parece surgir tanto dos instrumentos quanto de um plano quase espiritual. O violão de Kiko, o sax de Thiago, os sintetizadores de Negro Léo e a voz de Juçara formam uma massa sonora que desafia definições.
“São músicas que contemplam a formação desse quarteto e que vão soar completamente diferentes agora”, disse Thiago França.
Juçara completou: “Músicas abertas ao improviso, sem arranjos fechados.”
O repertório reuniu cinco faixas — Rainha das Cabeças, Bará Bará, Sem Cais, Eu Lacrei e Obatalá — e sintetizou o espírito do grupo, cujo nome em iorubá significa “três em um”. A performance, intensa e quase ritualística, transformou o estúdio em um espaço de transe e comunhão.
No fim, o Tiny Desk Brasil cumpriu sua missão de valorizar artistas que exploram novas linguagens em apresentações intimistas. O episódio com o Metá Metá e Negro Léo é um retrato vibrante da força experimental da música brasileira atual — uma experiência imperdível para quem ama som, improviso e invenção.