Por Gabriel Costa, especial para o Fringe 

Nascido no final dos anos 1980 no Reino Unido, o shoegaze é um subgênero do rock alternativo marcado por guitarras etéreas, vocais suaves e uma atmosfera densa e introspectiva. O nome, que significa literalmente “olhar para os sapatos”, surgiu de forma irônica: os músicos, concentrados nos pedais de efeito aos seus pés, quase não se moviam no palco, e olhavam o tempo inteiro para baixo.

+ Leia Também + Os Britos: de Abbey Road a Curitiba 

Ao misturar camadas de distorção, reverb e feedback, o estilo criou uma “muralha sonora” que se tornou marca de bandas como My Bloody Valentine, Slowdive e Ride. Após um período de esquecimento no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, quando foi preterido pelo britpop, o shoegaze ganhou nova força nos últimos anos, influenciando artistas contemporâneos e bandas de rock que buscam resgatar o som melancólico da época.

No Brasil, não é diferente. Em atividade desde 2017, ano de lançamento do EP Exílio, a banda curitibana terraplana vem conquistando uma base fiel de fãs com seu shoegaze tupiniquim.

Formado por Stephani Heuczuk (baixo e vocal), Vinícius Lourenço (guitarra e vocal), Cassiano Kruchelski (guitarra e vocal) e Wendeu Silvério (bateria), o grupo vive seu auge: foi recentemente anunciado no line-up do Lollapalooza 2026.

Antes disso, já havia chamado atenção com o álbum de estreia, olhar pra trás (2023), que teve grande repercussão na mídia especializada e apresentou as faixas “conversas” e “memórias”, ainda hoje as mais populares do grupo. Mais instrumental e contemplativo que o sucessor, o disco marcou o início de uma clara evolução artística do quarteto, consolidada em natural (2025), segundo trabalho da banda e um dos lançamentos mais marcantes do ano.

Capa do álbum olhar pra trás

A estética da banda também merece destaque — o que não surpreende, já que Stephani, além de vocalista, é artista visual e costuma compartilhar seus trabalhos nas redes.

Com guitarras distorcidas, letras na medida certa de melancolia e vocais delicados, a terraplana reafirma seu lugar entre os nomes mais sensíveis e promissores do rock nacional. Acima de tudo, por conseguir imprimir originalidade a um movimento que começou há quatro décadas.

Ouvir terraplana é uma experiência em que o sentir é amigo próximo do escutar.

“Por que não se joga, Sem olhar pra trás, Sem se preocupar, Pra se deixar, Pra se deixar em paz, Pra se deixar em paz, Não sei o que é real, Sem olhar pra trás”

Compartilhar.
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Patrocínio

Realização

Fringe é uma plataforma de comunicação e entretenimento sobre arte e cultura brasileiras criada dentro do Festival de Curitiba e conta com o patrocínio da Petrobras

wpDiscuz
0
0
Deixe seu comentáriox
Sair da versão mobile