Diretor de filmes incontornáveis do cinema brasileiro, como O Homem Que Copiava e Saneamento Básico, o Filme, o cineasta gaúcho Jorge Furtado participou do 1º Encontro Inovacine RS, iniciativa que apresentou os projetos em andamento e as ações previstas para 2026 no ecossistema audiovisual.

Com a fala “40 coisas que aprendi em 40 anos de cinema”, Jorge Furtado compartilhou as principais lições de sua trajetória como diretor e roteirista e, a partir de suas observações e referências, apontou novos caminhos para a arte de contar histórias. De Aristóteles a Paulo José, Furtado baseou-se em um amplo repertório de citações para montar uma espécie de tetracontálogo, uma tábua de sabedoria com 40 ideias com as quais instigou o público presente — composto por profissionais do setor, estudantes e amantes do cinema.
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Ainda que não organizada em uma ordem específica, a lista de 40 aprendizados do cineasta começa com o aspecto que ele considera o mais importante: ser fiel a si mesmo.
“É o que vale mais. Não se preocupem com algoritmos, tendências, pesquisas, o que as pessoas estão gostando ou o que querem os streamings – eles não têm ideia, na verdade, ficam inventando coisas. (…) A maneira que a gente tem de enfrentar as inteligências e as burrices artificiais é ser humano, porque isso eles não sabem fazer nem vão saber nunca”, avaliou.
Por meio da Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual é sócio-fundador, Jorge Furtado é membro do Inovacine RS, que atualmente conta com a participação de 70 empresas do audiovisual gaúcho.

O objetivo do ecossistema é conectar profissionais, empresas e instituições para desenvolver soluções colaborativas diante dos principais desafios do setor. As empresas que quiserem se juntar ao Inovacine RS podem submeter sua solicitação no site oficial.
Confira abaixo a lista de 40 coisas que Jorge Furtado aprendeu em 40 anos de cinema – e, no site da Casa de Cinema de Porto Alegre, a relação completa com respectivos comentários, citações e referências.
“40 coisas que eu aprendi em 40 anos de cinema”, por Jorge Furtado
- “Seja fiel a você mesmo.”
- Cinema é trabalho de equipe.
- Contamos histórias para saber quem somos.
- “O povo sabe o que quer, mas o povo também quer o que não sabe.” – Gilberto Gil.
- Criar é mover-se do caos para a ordem.
- “Escrever é reescrever.”
- Preconceito é burrice.
- Quem se acha original apenas confessa sua ignorância.
- Paulo José: “Se você não tem o fim, não tem história.”
- Tudo que escrevemos num roteiro deve ser visível ou audível.
- O orçamento é a estética.
- Plano-sequência quase sempre é preguiça.
- Pequenas ideias, grande angular. Maneirismos e piruetas formais costumam envelhecer mal.
- Tudo deve ser feito para que o ator possa fazer bem o seu trabalho.
- “Uma vez que o ator foi escolhido para o papel, o diretor já fez 90% do seu trabalho.” – Alexander Mackendrick.
- Concentre-se na encomenda.
- Kurt Vonnegut: “A principal função de um texto é manter o leitor lendo.”
- Determine seus padrões como autor – eles são seu patrimônio.
- “Explicações demoram um tempo horrível. Conte as aventuras primeiro.” – Lewis Carroll.
- “Trate as cenas como as festas: chegue tarde e saia cedo.” – Billy Wilder.
- Parte da criação é criar o método para criar.
- Paradoxo do concurso: roteiros ruins podem parecer bons para quem poucas vezes (ou nunca) esteve num set tentando filmar uma cena.
- O que não conta a história não faz parte da história.
- Cada cena é um filme.
- “Dê ao leitor ao menos um personagem pelo qual ele possa simpatizar.” – Kurt Vonnegut.
- “Quase todos os problemas de um filme podem ser resolvidos com um roteiro melhor.” – Richard Lester.
- Humor é uma forma avançada de filosofia.
- Paulo José: “O importante é que sejam amigos!”
- Em filmagens, se puder, evite crianças, animais e líquidos.
- Documentário: é aquele filme que o autor (ou produtor) informa que é um documentário.
- W. H. Auden: “O prazer não é infalível como guia crítico, mas é o menos falível.”
- Delacroix: “Trata-se de fazer com que o quadro seja mais interessante que a parede.”
- Carlos Manga: “Flashback é coisa de comunista.” Nem sempre o passado esclarece ou justifica o presente.
- O conto não perde tempo.
- Paul Newman: “Há filmes que fazemos porque amamos. Há filmes que fazemos porque estamos em outubro.”
- O cérebro humano é obcecado por procedimentos.
- “Há milumaestórias na mínima unha de estória.”
- “Cada homem leva em si a forma inteira da condição humana.” A vida de qualquer um dá um filme.
- Dramaturgia é um baile de máscaras. Ao escrever, você precisa ser todos os seus personagens.
- Ninguém é obrigado a ver o seu filme.
