Na espiritualidade, a cor vermelha representa amor, energia, poder e renovação espiritual. Também é associada ao chacra raiz (Muladhara), que se conecta à vitalidade eterna e à sobrevivência.
Não sabemos se Marisa Monte pensou nisso ao subir ao palco da Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, no último sábado (15), ao trajar um belo vestido desta cor. Mas ficou evidente que ela fez questão de trazer todos esses diversos sentimentos a um show de calibre maior da música brasileira.
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A turnê Phonica é um acontecimento. É um daqueles shows que você vai saber cantar pelo menos 90% das canções sorrindo, dançando ou chorando.
É uma celebração de uma cantora que se estabeleceu na cena desde o primeiro disco, homônimo, lançado em 1989. A porta de entrada que deu a ela o título de divindade da música brasileira, um grupo seleto que só alguns são capazes de entrar.
E é claro que só uma divindade desta magnitude poderia entregar um show tão essencial e bem construído trazendo uma orquestra de 55 músicos regidos pelo maestro André Bachur — além da sua banda habitual. Uma verdadeira união da música popular e erudita com arranjos angelicais.
Foi assim que as mais de 30 mil pessoas entoaram em coro as canções do show de duas horas em uma celebração catártica, como se todo mundo ali estivesse fazendo parte de um universo paralelo.
Na verdade, fica fácil entender a entrega do público quando Marisa abre o show sob os acordes de Vilarejo e entrega, na sequência, O Que Você Quer Saber de Verdade, Infinito Particular e Carnavália.
Uma narrativa construída entre setlist, arte visual de palco e figurino — como eu disse, um vestido vermelho com detalhes em cor de rosa e flores no cabelo. “Nossa, ela está parecendo a Frida Kahlo!” — ouvi ao meu redor.
E entre Ainda Bem, Beija Eu, Depois, Segue o Seco, Feliz, Alegre e Forte, os covers de Panis Et Circenses (Mutantes), Cérebro Eletrônico (Os Mutantes), Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro), além dos hits dos Tribalistas (Aliança, Velha Infância), ela foi entregando o sentimento expresso no vermelho do seu vestido como quem mostra a vitalidade, o amor e a energia unindo todo o público ao chacra Muladhara.
Fica fácil entregar um show memorável quando se tem músicas tão especiais no repertório, uma orquestra e uma banda de primeira e um timbre vocal capaz de atingir as notas mais difíceis. Fácil se o nome for Marisa Monte.

